A alta demanda no mercado externo e a produção menor em 2021 derrubaram os estoques dos produtores
Silvia Mascella Rosa Publicado em 03/03/2022, às 08h00
Em 2021, o país vendeu mais vinho do que produziu
Começou na semana passada a safra 2022 de uvas na Nova Zelândia. Os produtores estão sentindo a pressão de terem vendido no ano passado mais do que produziram no mesmo ano, deixando os estoques muito baixos. "A colheita do ano passado, embora excepcional em qualidade, foi 19% menor do que em 2020" disse Phillip Gregan, CEO dos vinhateiros da Nova Zelândia. Segundo ele, as vendas em 2021 somaram 324 milhões de litros, o que significa que superaram em 48 milhões de litros o que foi produzido no ano. Graças aos estoques de outros anos, a maioria das vinícolas pode atender aos mercados, mas isso aumentou a pressão para este ano.
A Nova Zelândia, um dos países mais bem sucedidos no controle da Pandemia de Covid-19, viu chegar recentemente ao país a variante ômicron, o que colocou as autoridades sob alerta novamente e alterou os planos de colheita de muitas empresas. Várias vinícolas dependem de mão de obra que se movimenta pelo país e de mão de obra estrangeira, ocasionando agora uma escassez de trabalhadores especializados com o fechamento das fronteiras. "Teremos mais dificuldades do que no normal e juntamos a isso a alta dos custos de produção - por conta de insumos que vem do exterior - dificuldades na rede de distribuição e do crescimento do mercado como um todo", explicou Gregan.
Em entrevista ao jornal online Stuff, da Nova Zelândia, vários produtores (inclusive da Tasmânia) se disseram satisfeitos com a qualidade da safra que se inicia, mais até do que no ano passado, pois tudo aponta para que a colheita seja, de fato, maior e com qualidade. Eles dizem que este ano está mais "normal" no campo, embora os desafios com a mão de obra estejam ainda mais intensos do que em 2021 com a chegada da nova variante do vírus. “Estamos cautelosamente otimistas com esta safra, pois a diferença fica pelos variados microclimas e nas diferentes regiões", afirmou Paul Miles, diretor da Riwaka River Estate e chefe dos vinhateiros da região de Nelson, no extremo norte da ilha sul.
"Nos últimos dois anos, vinícolas e produtores de uvas provaram que são capazes de lidar com a ameaça da COVID muito bem, seguindo suas operações com eficiência e adaptando processos que garantam a proteção dos trabalhadores e dos visitantes", completou o CEO dos vinhateiros neozelandeses.
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