O lacre de cera ou a cápsula de alumínio sobre a rolha não não influencia a maturação e a conservação dos vinhos
Redação Publicado em 07/09/2021, às 15h00 - Atualizado em 20/03/2023, às 11h00
A ideia de que, em rolhas de cortiça, existe uma permeabilidade que permite a sutil entrada de oxigênio e, assim, a evolução do vinho ao longo do tempo é uma crença que vem sendo derrubada com extensas pesquisas sobre o assunto. ADEGA já escreveu sobre isso, apontando que, segundo estudos, manter garrafas em pé ou deitadas é indiferente.
Quem dá detalhes é o pesquisador Paulo Dinis Lopes, da Amorim, principal fabricante de cortiça do mundo: “O cilindro de cortiça é introduzido dentro do gargalo da garrafa ficando aí no seu estado comprimido. Nesse estado, a rolha vai libertar algum do ar/oxigénio que contém no interior das suas células para o vinho, permitindo assim alguma micro-oxigenação ao longo de alguns meses.
No essencial, a principal fonte de oxigenação do vinho é a própria rolha, o oxigênio atmosférico não passa através da rolha e a passagem na interface vidro/rolha também é muito residual", explica Paulo.
"Assim, a aplicação de cera ou lacre de alumínio sobre o gargalo não vai influenciar significativamente a micro-oxigenação do vinho vedado com rolha de cortiça. Aliás, historicamente, a aplicação do lacre ou cera no gargalo surgiu como forma de impedir que alguns insetos ‘atacassem’ a rolha durante o período de conservação dos vinhos na adega e não como forma de prevenir ou diminuir diretamente a oxigenação do vinho”, finaliza o especialista.
Ou seja, o tipo de cápsula usada sobre o gargalo da garrafa, seja ela de alumínio, seja ela de cera, não influencia em nada na maturação do vinho. Se sua adega não tiver insetos ou roedores (esperamos realmente que guarde seus vinhos em locais adequados), sequer lacre seria necessário em qualquer garrafa.