O melhor que o Douro pode produzir na visão de José Maria Soares Franco

Produtor conta como nasceu o projeto Duorum

Christian Burgos e Eduardo Milan Publicado em 10/03/2021, às 08h00 - Atualizado em 06/04/2021, às 17h39

 

José Maria Soares Franco e o projeto Duorum

Em 2007, depois de 30 anos trabalhando em um dos mais importantes grupos de vinho de Portugal, José Maria Soares Franco decidiu sair da Sogrape após um acordo com seu amigo João Portugal Ramos. “Vais ter uma razão para sair da Sogrape, que é fazer o vinho que tu entendes que o Douro pode fazer de melhor”, contou Franco, em conversa com ADEGA em sua mais recente passagem pelo Brasil. Foi assim que nasceu o projeto Duorum, expressão latina que significa “de dois”, ou seja, dois renomados enólogos, além de lembrar Douro. 

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Franco conta que conseguir reunir os 160 hectares de vinhas com os quais produz 10 rótulos diferentes foi um trabalho árduo. “Fui para o Douro em 2007 para comprar uvas e para criar a base das uvas do futuro do Dourum. E escolhi o Douro Superior, que é a parte junto a Espanha mais quente e seca. Com esse clima, a colheita é mais consistente safra a safra. Encontramos os terrenos perto de Foz Côa, onde na verdade não havia muita área livre. Queria algo da margem esquerda do Douro, pois a direita, com exposição sul, é muito quente. Para chegar a 160 hectares, tivemos que adquirir 86 parcelas de cerca de 3 hectares cada, todas muito pequenas. Foi um trabalho de ourivesaria imobiliária”, afirma. 

O enólogo revela ainda suas outras preocupações na época: “precisava haver uma ligação com a estrada, com vinhas altas, de 500 metros, e ser junto ao rio, pois a precipitação lá é baixa e necessitava ter acesso à água”. Em 2009, começaram a plantar castas portuguesas: cinco tintas (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Sousão e Alicante Bouschet) e cinco brancas (Rabigato, Arinto, Codega, Moscatel e Viosinho). 

Loucura ou Leucura? 

Franco defende um vinho do Douro com “um perfil de frescor”. “Não quero aromas de Porto no vinho tinto. Não quero que cheire madeira. Quero que tenha aromas da fruta. Gosto de vinhos encorpados e retintos. Com volume e estrutura. Mas o mercado quer vinhos que possam ser consumidos jovens. Que se possa beber jovem e também evoluir. Então esse é o nosso pensamento”, avalia. 

As uvas e vinhedos do Douro margeando o rio que dá nome a região

Ele diz que o Reserva Vinhas Velhas e o O.Leucura, os dois topos de gama, não são feitos todos os anos. “As pessoas beberam O.Leucura muito novo e agora tomamos a decisão de lançá-lo com, no mínimo, oito anos, ou seja, o próximo, da safra 2015, só vai sair em 2222”. Sobre o curioso nome, ele explica: “Junto ao rio há uma zona chamada Rede Natura, criada para preservar espécies raras. Lá temos uns pássaros pequenos (só há 24 casais na região), que os ingleses chamam de Port Wine Bird, mas o nome científico é Oenanthe leucura, que significa ‘pássaro de cauda branca da videira’.” 

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