Entenda porque o passar dos anos nem sempre fará com que a bebida melhore
Redação Publicado em 08/06/2022, às 08h00
O potencial de guarda de um vinho é basicamente o quanto tempo o vinho pode se manter em seu auge para ser degustado.
É importante saber que apenas de no contrarrótulo de um vinho geralmente ter os seguintes dizeres: “validade indeterminada”. Ou ainda “validade indeterminada desde que conservado em local seco e fresco, ao abrigo da luz e preferencialmente na posição horizontal”.
No entanto, o termo “indeterminada” não quer dizer “eterna”.
É comum pessoas que não têm muita experiência com o vinho ficarem maravilhadas ao abrirem a adega de seus avós e encontrarem garrafas antigas empilhadas. Logo imaginam que estão diante de um tesouro escondido, mas, na maioria das vezes, o que temos é apenas uma coleção de vinhos estragados ou passados. Por quê?
Nem todos os vinhos são feitos para serem guardados por anos a fio. A esmagadora maioria é feita para ser consumida rapidamente e não para envelhecer. Há quem diga que 99% dos rótulos vendidos no mundo (especialmente os de supermercados) não são feitos para guardar.
Para suportar o tempo de guarda, um vinho deve ter algumas características, como boa estrutura de acidez e taninos, principalmente, mas também açúcar (no caso dos doces) e álcool (no caso dos fortificados).
Poucos vinhos são pensados e elaborados para essa finalidade – chamados “vinhos de guarda”, entre eles, apenas para citar alguns exemplos, estão os grandes Bordeaux e Borgonha na França; Barolo, Barbaresco e Brunello na Itália; Vinho do Porto e Madeira em Portugal/ portentosos Rioja e Ribeira del Duero na Espanha; ícones do Novo Mundo como Chile, Argentina, Estados Unidos, Austrália e Brasil etc. Muitos produtores criam rótulos capazes de envelhecer, mas em pequeníssima escala.
Grande parte das garrafas que encontramos à venda é feita para ser consumida em até dois (talvez até no máximo cinco) anos depois de colocada em mercado. São vinhos produzidos para serem consumidos frescos, quando seus aromas, fruta e acidez ainda estão vibrantes. E isso ocorre momentos depois de ele ser engarrafado. Com o passar do tempo, nesses casos, tudo vai esvanecendo, perdendo sabores ou tornando-os “cansados”.
Isso não quer dizer, porém, que você precisa tomar a garrafa imediatamente após a compra. Desde que bem conservada (isso significa dizer: em uma adega com temperatura e umidade controladas), ela tende a suportar bem pelo menos um ou dois anos sem problemas, para os brancos, e até cinco anos, para os tintos.
Lembrando aqui que estamos falando de vinhos mais simples, que na maioria das vezes não passaram por barrica – e mesmo alguns que estagiam em madeira também podem entrar nesse rol. Na dúvida, vale a pena consumir seus vinhos brancos em dois anos (no máximo cinco) e seus tintos em cinco (no máximo dez).
Antes de guardar um vinho para envelhecê-lo, você precisa se perguntar o porquê de estar fazendo isso. O mote “vinho bom é vinho velho” há muito tempo já foi derrubado. Portanto, na hora de guardar um vinho devemos ponderar como ele está agora e como ele poderá estar no futuro. Se estiver muito tânico e ácido, por exemplo, é possível que, em alguns anos, suavize-se um pouco, melhorando o paladar.
Outra coisa a ser lembrada é que, com o tempo, diferentes tipos de aromas (ditos terciários) e sabores se formam graças à evolução. O frutado e o frescor tendem a dar lugar a notas mais complexas – nos casos de vinhos capazes de suportar a guarda. Esteja ciente disso.