Como comportar-se nesse tipo de situação
Arnaldo Grizzo Publicado em 12/11/2019, às 16h30
Como agir e não passar vergonha em um jantar de vinhos
Você foi convidado para um jantar na casa de um amigo. Ele lhe diz que preparará uma refeição especial e escolherá alguns vinhos para degustarem. Ótimo, não? O que melhor do que uma noite de enogastronomia na companhia de amigos? Mas, após o convite, o que esse seu amigo espera que você faça? Será que você deve levar uma garrafa de vinho também? Será que precisa levar algo de comida?
Para dirimir algumas questões, ADEGA resolveu apontar aqui tópicos que às vezes podem causar dúvidas ou desconfortos tanto para quem convida amigos para um jantar com vinhos tanto para quem foi convidado. Veja aqui as situações e descubra o que fazer ou não fazer.
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Antigas regras de etiqueta dizem que sempre que se é convidado por alguém para jantar em sua casa, é um bom costume levar alguma lembrança. Flores ou algum pequeno presente são sempre uma forma gentil de agradecer o convite. Dessa forma, uma garrafa de vinho também pode ser considerada um presente, assim como uma caixa de chocolates ou algo do gênero. Portanto, não estranhe se o anfitrião não abrir sua garrafa ou sequer cogite colocar seus chocolates na mesa ao final da refeição. Caso você tenha trazido a garrafa com a intenção de que ela fosse consumida, dê um jeito de avisar o anfitrião (“Trouxe esse vinho para provarmos, se você não se incomoda”). No entanto, antes de levar qualquer coisa para beber ou comer, pergunte (“Você gostaria que eu levasse algum vinho ou uma sobremesa, por exemplo?”). Dessa forma, você evita constrangimentos.
Em um primeiro momento, a resposta é não. Se você já tem todo o jantar planejado, pensou em cada vinho para combinar especificamente com cada prato servido, não, você não precisa “abrir espaço” para mais uma garrafa que você sequer sabe em que sequência colocar. Além disso, como já apontamos no tópico anterior, a garrafa pode ser apenas um presente, como seriam flores ou algo do gênero, um agradecimento pelo jantar por parte do convidado. No entanto, se o convidado sugerir que vocês deveriam abrir a garrafa, é de bom grado fazê-lo. Ainda assim, caso você acredite que não haveria espaço no jantar para ela, tente sugerir um novo jantar ou uma outra ocasião para provarem a garrafa juntos.
Se você tem uma relação mais próxima com o anfitrião e quer levar um vinho para ser degusta - do no jantar, pergunte o que ele pretende servir e diga que gostaria de levar algo. Se a relação não é tão próxima assim, você também pode levar, mas seja educado ao sugerir que a garrafa deve ser aberta (“Comprei esses vinhos e estou louco para experimentar com você, por isso trouxe”).
Situação delicada. Antes de respondê-la, vamos primeiro tentar mostrar formas de evitá-la. Se você vai levar algo especial que quer que seja aberto, tente levar também outra garrafa (não precisa ser do mesmo vinho) que serviria como um presente para o anfitrião. Na recepção, deixe bem claro uma delas é um presente e a outra foi trazida com o intuito de ser consumida (“Trouxe esta garrafa especialmente para que experimentássemos com o seu jantar, se não se incomoda”). E, mesmo que você não tenha trazido duas garrafas, deixar clara a intenção de consumo é outra forma de evitar o constrangimento descrito na questão. Mas, caso isso tenha ocorrido, caso você tenha levado uma garrafa para ser consumida, mas ela não foi, definitivamente não é educado solicitá-la de volta. Se você ainda assim fizer questão, tente sugerir algo que possa levar o anfitrião a devolver a garrafa a você. “Uma pena não termos tido a oportunidade de provar o vinho que trouxe, quem sabe numa próxima oportunidade”. “Guarde bem aquele vinho que eu trouxe, é especial, creio que você irá gostar muito, quem sabe numa próxima vez possamos provar juntos”. E, caso o anfitrião sugira se você gostaria de levar a garrafa de volta, pegue, mas tente ser delicado (“Trago ela de volta na próxima vez”). Mas, enfim, esteja preparado para voltar para a casa sem a garrafa.
Seja delicado. Se o anfitrião não notou o problema e ainda está entusiasmado com o vinho que está sendo servido, apenas deixe sua taça de lado e espere que a próxima garrafa seja aberta. Se você está em meio a pessoas que entendem de vinho ou então pessoas mais íntimas, você pode reportar o problema, ainda assim, tente ser sutil e não esnobe. “Vocês sentem algo diferente nesse vinho? Será que ele não está um pouco passado? Será que teria outra garrafa para comparar?” Como lidar com um convidado expert em vinhos? Primeiramente, não se sinta pressionado e nem tente impressionar. Se ele é mesmo um conhecedor e estudioso do assunto, você dificilmente vai conseguir criar situações ou apresentar vinhos que o surpreendam. Atenha-se ao que você mesmo conhece e, durante o jantar, pergunte a opinião dele sem receio. Se ele for uma pessoa bem-educada, por mais possíveis falhas que você tenha cometido ao selecionar o vinho ou a combinação com o jantar, ele encontrará uma maneira de exaltar o seu empenho e “sugerir melhorias” para um próximo encontro.
A ideia, a princípio, era um jantar com vinho entre amigos, mas, um deles resolveu destilar todo o seu conhecimento sobre a bebida, tornou-se o centro das atenções e está deixando a conversa monótona e o jantar tedioso. Não se acanhe e tente mudar o rumo da conversa. Busque outrosque assuntos, de preferência os mais genéricos, temas sobre os quais vários dos convidados possam ter opiniões a respeito, para que haja diálogos e não um monólogo professoral.
Antes de dar uma de “enochato”, pense no quanto isso está impactando no vinho e no ambiente do jantar em si. Se ainda assim perceber que a experiência do jantar está sendo comprometida por um vinho fora da temperatura ou servido em uma taça que não contribui para sua melhor apreciação, há formas de sugerir isso com delicadeza. Se o vinho estiver muito frio, basta esperar ele esquentar um pouco na própria taça, certo? Se estiver muito quente, você pode tentar algo como: “Ótimo, mas prefiro um pouco mais gelado, será que posso colocar na geladeira/balde um instante?” Se a questão for a taça, melhor não tocar no assunto para não constranger o anfitrião (ele talvez não tenha outras). Se perceber que há jogos de taças para diferentes vinhos, mas eles estão sendo servidos de maneira equivocada, experimente: “Se incomoda se eu testar esse tinto nesta outra taça? Gosto de ver como os aromas se comportam em taças diferentes. Vocês já fizeram esse teste?”
Se um convidado parece estar exagerando na dose e está começando a atrapalhar a noite, primeiramente, evite servi-lo de mais vinho. Coloque mais água no copo dele e dos outros. Sirva-o de mais canapés ou sobremesas. Se todos estiverem sentados ao redor da mesa, sugira mudar de local por um tempo, como ir para a sacada apreciar a vista-sem companhia das taças de vinho obviamente – para respirar um pouco. Experimente essas alternativas para evitar que a situação fuja do controle, mas, caso passe dos limites e, infelizmente, torne-se incontornável, não há etiqueta. Contenha-o e ofereça um táxi para casa. Ligue no dia seguinte para saber se ele está bem.
Infelizmente, atrasos têm feito parte da rotina da maioria das pessoas, especialmente as que vivem em grandes metrópoles. Muitas vezes, sequer dá para culpar o “retardatário”, pois ele pode ter ficado preso no trânsito em algum ponto específico da cidade. Obviamente que, se for um jantar de vários passos, não é ideal iniciar sem a presença de algum convidado. Tente contato e verifique quanto tempo ainda ele tardará. Esteja preparado para um “welcome drink” um pouco mais demorado. Só inicie sem ele se realmente o atraso parecer excessivo e despropositado.
O jantar teoricamente está finalizado. A refeição foi excelente, os vinhos também, a conversa foi ótima. Hora de ir embora, certo? Mas, às vezes, o bom ambiente faz com que os convidados não percebam que a hora de partir já chegou e começam a incomodar a rotina dos anfitriões (que às vezes precisam a limpar a casa para o dia seguinte, ou então apenas dormir para poder acordar cedo). Para que os convidados percebam que chegou o momento de ir embora você pode “sinalizar” com algumas indiretas delicadas. “A conversa está ótima, mas alguém quer um café para finalizar a noite?” Se ainda assim, não houver movimentos de partida, outra sugestão é começar a “fazer a limpeza”, tirando pratos e talheres e levando para a cozinha, por exemplo.
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