De acordo com a organização internacional Wine Mosaic, centenas de variedades correm o risco de serem extintas.
Redação Publicado em 23/07/2013, às 11h47 - Atualizado em 01/08/2013, às 23h33
"A vida é muito curta para beber o mesmo vinho", disse Antonio Graca, enólogo e líder de um grupo de pesquisa e desenvolvimento da portuguesa Sogrape. Enquanto as listas de vinhos estão cheias de variedades interessantes, há muitas outras que são quase desconhecidas e correm o risco de desaparecer. De acordo com a organização internacional Wine Mosaic, centenas de variedades correm o risco de serem extintas. Para tentar impedir que isso aconteça, experts em vinho financiam pesquisas, compartilham informações e melhoram a imagem da uva para encorajar produtores e consumidores a conhecê-la.
O projeto é ambicioso: "Meu sonho é que em 2015 nós façamos uma degustação com 1,368 variedades e 1,368 degustadores", afirma Jean-Luc Etievent, presidente do Wine Mosaic.
Um estudo preliminar apresentado pelo pesquisador francês Alain Carbonneau, estima que existam 155 variedades mediterrâneas plantadas num espaço de 24 acres (menos de 0,2 acre para cada uma), o que configura uma situação de risco de extinção.
Para o grupo, preservar as variedades raras não é apenas uma questão de diversidade de vinhos. Pesquisas com o DNA das uvas são uma maneira de encontrar mais pistas para montar o quebra-cabeças que é a história do vinho no mundo. Porém, o trabalho não é fácil, uma vez que, após a filoxera, muitas variedades desapareceram, assim como durante as últimas décadas do século 20, quando variedades indígenas foram substituídas por castas de renome internacional.
"Vinicultores tinham vinhas velhas de Carignan e Cinsault, mas preferiram replantar com outras variedades, como a Syrah, cuja área total de plantação é, agora, 10 vezes maior que em 1979. No mesmo período, a Carignan perdeu 143 mil acres, indo de 43% em Languedoc para 13%", explicou Isabelle Pangault. Essa história cotada por Isabelle se repete por tantas outras regiões, mas o Wine Mosaic é otimista: "Eu acredito que as variedades desaparecidas estão nos vinhedos. A morfologia delas torna difícil a distinção, muitas variedades se parecem entre si", conta Antero Martins.
A chave é salvar as uvas tendo em mente que a "utilidade" delas pode demorar a aparecer. "Nós não nos preocupamos com o tempo ou com seu uso imediato. No futuro, encontraremos o lugar de cada uma", finaliza Martins.