Os 300 anos da Quinta da Alorna

Uma vertical de Marquesa de Alorna para comemorar a história centenária da vinícola

Arnaldo Grizzo Publicado em 27/03/2024, às 16h00

- Quinta da Alorna

“Uma mulher muito à frente do seu tempo”, garante Frederico Kittler, export manager da Quinta da Alorna, ao falar sobre Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre, a Marquesa de Alorna, também conhecida como Alcipe em seus escritos poéticos, uma pessoa que definitivamente marcou sua época e também a propriedade que, em 2023, completou 300 anos de história. 

A Quinta da Alorna, nasceu com D. Pedro de Almeida, que, após ter conquistado a Praça Forte de Alorna nas vizinhanças de Goa, onde exercia o cargo de Vice-Rei, recebeu do rei de Portugal, D. João V, o título de 1º Marquês de Alorna.

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D. Pedro de Almeida foi avô de Leonor, quarta Marquesa de Alorna. Naquela época (1723), a quinta, pertencente ao Marquês de Alorna, era conhecida por quinta de Vale de Nabais. “Fica no coração de Portugal, 45 minutos ao norte da capital e continua sendo uma empresa familiar, na quinta geração da família Lopo de Carvalho”, conta Kittler. 

Os vinhos da Alorna estão muito ligados ao terroir que é marcado pelo rio Tejo. A propriedade fica na margem sul. “Apesar de ser uma região quente, há uma neblina matinal e períodos de frio à noite devido à proximidade do rio, dando frescor especialmente aos vinhos brancos”, aponta Kittler.

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São 2600 hectares divididos em três áreas, uma com vinhas com 180, 600 de regadio (plantação de batata, milho, amendoim, ervilhas etc.) e 1100 de floresta, com sobreiro, eucalipto e pinhão. 

Kittler conta que no Tejo há três terroirs distintos: a Charneca, o Bairro, e o Campo. O Bairro fica no lado norte do rio, e os outros dois no sul. O Campo situa-se nas planícies adjacentes ao Tejo sujeitas a inundações periódicas. Estas são responsáveis pelo elevado índice de fertilidade. A Charneca localiza-se a sul do Campo, com solos arenosos repletos de pedras (calhau rolado) e pouco férteis. “Mais perto do rio temos sobretudo brancos, mas 80% das nossas vinhas estão na Charneca”, conta Kittler.

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Ele diz que uma das diferenças da Alorna é o período de colheita, geralmente mais cedo do que a maioria dos produtores da região. “Pois queremos vinhos mais frescos”, conta, apontando que a enóloga Martta Simões e sua equipe estão sempre de olho atento para essa questão. Martta, aliás, é uma peça fundamental na vinícola, trabalhando na empresa desde 2003, ajudando a definir o perfil dos vinhos. “Notamos uma diferença pré-Martta e pós-Martta”, conta Kittler, dizendo ainda que ela tem uma grande influência em toda a região.

Marquesa de Alorna

A partir de 2019, os vinhos da Quinta da Alorna passaram por uma mudança de perfil, com estágio de 10 meses em vez de 8, mas apenas metade em madeira

 

Em sua passagem pelo Brasil, Kittler trouxe consigo uma pequena vertical dos rótulos Marquesa de Alorna, os principais da vinícola. O tinto teve sua primeira safra em 2008 e o branco em 2009 e depois só foram repetidos em safras consideradas excepcionais na região, a saber: 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2019 para o branco; e 2009, 2011, 2012, 2013, 2015 e 2016 para o tinto.

O blend desses vinhos não é divulgado, pois, a cada ano selecionam-se o que de melhor a propriedade produziu na safra para criar uma combinação excepcional. “Este é um vinho que só fazemos em anos muito bons e o corte varia. Não queremos que ninguém seja influenciado pela casta. O foco é na qualidade do vinho, na consistência e manter o perfil”, aponta Kittler. 

“Temos um terroir sensacional para vinhos brancos”, diz Kittler. Segundo ele, em uma prova às cegas anos atrás, toda a equipe de Alorna foi “enganada” e achou que seus próprios vinhos eram na verdade da região de Vinhos Verdes, onde o frescor tende a ser a tônica.

Ele também diz que a partir de 2019, há uma mudança de perfil, passando o estágio para 10 meses em vez de oito, mas apenas metade em madeira. Para os brancos, a paleta de castas compreender Fernão Pires, Arinto, Viognier, Chardonnay, Verdelho, Alvarinho, Sauvignon Blanc etc. 

“Marquesa é sempre a seleção das melhores barricas”, aponta Kittler, dizendo que no início todas as castas tintas eram da Charneca. Entre as castas, pode-se ter Castelão, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Alicante Bouschet, Trincadeira, Tinta Roriz, Tinta Miúda etc.

Os Brancos

Os Tintos

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