O ano é de 1365 e uma aparição da Virgem Maria a um pastor foi responsável por estabelecer um local de peregrinação religiosa nas imediações de Évora, no Alentejo.
Algum tempo depois, esse lugar se tornou a sede de uma igreja da Ordem de São Jerônimo e do Convento do Espinheiro.
Nos séculos XV e XVI, os frades da congregação conservaram vinhas em um barranco com muitas pedras de granito soltas que “mancavam” (oscilavam). Seu nome surgiu exatamente dessas “pedras mancas”.
O vinho era muito famoso na época e foi citado nas crônicas quinhentistas. Dizem que os navegadores portugueses os levaram a bordo das naus rumo às Índias e que Pedro Álvares Cabral embarcou alguns barris nas caravelas que desembarcaram no Brasil.
Seria este o vinho que ele brindou com os indígenas e que Pero Vaz de Caminha relatou em uma das suas cartas.
Capítulo 3 - O renascimento
No século XIX, a Casa Agrícola José Soares produziu durante anos um vinho com o nome Pêra-Manca. Em 1920, com a morte do proprietário e a crise da filoxera, a produção cessou.
Em 1987, José António de Oliveira Soares, herdeiro da extinta Casa, regalou a marca gratuitamente à Fundação Eugénio de Almeida, determinando como uma única condição que o Pêra-Manca fosse engarrafado com o melhor vinho disponível. A Fundação, instituição filantrópica e um dos maiores proprietários do Alentejo, foi criada em 1963, mas só produziu seu 1º tinto em 1990.
Capítulo 4 - A história por trás do rótulo
O rótulo original foi criado a partir da adaptação de um pôster publicitário desenhado por
Roque Gameiro no século XVIII.
O tinto é mais prestigiado que o branco e foram feitas apenas 15 edições dele, um vinho produzido apenas quando todas os requisitos de excepcional qualidade se cumprem na safra.
São elas: 1991, 1994, 1995, 1997, 1998, 2001, 2003, 2005, 2007, 2008, 2010, 2011, 2013, 2014 e 2015. A partir da safra de 2003, a imagem tradicional e colorida do rótulo foi alterada.
Os mais conservadores não se conformaram com a mudança e com o monocromático da nova arte, criada por Bill Sanderman, ilustrador inglês especialista em gravuras clássicas de água-forte, que a executou a pedido do designer Pedro Albuquerque. Mas, mesmo assim, continua um clássico.
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