Peter Sichel: O Espião que Brindou ao Mundo do Vinho

De agente da CIA a lenda dos vinhos, Peter Sichel teve uma vida extraordinária entre dois mundos

Redação Publicado em 06/03/2025, às 10h18

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Peter M.F. Sichel, cuja vida foi marcada por uma dualidade fascinante entre o mundo da espionagem e o universo dos vinhos, morreu aos 102 anos no dia 24 de fevereiro de 2025. Ex-agente da CIA e também uma das maiores autoridades em vinhos alemães, Sichel teve uma trajetória extraordinária, transitando entre missões secretas na Guerra Fria e o sucesso como comerciante e divulgador de rótulos mundialmente reconhecidos.

Nascido em 1922, em Mainz, Alemanha, em uma família judia ligada ao comércio de vinhos, Sichel teve uma infância marcada pelo crescimento nos negócios da família. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi capturado enquanto trabalhava em Bordeaux, mas conseguiu escapar, chegando a Portugal e à Espanha antes de se alistar no Exército dos Estados Unidos.

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No Escritório de Serviços Estratégicos (OSS, na sigla em inglês), antecessor da CIA, foi treinado para recrutar prisioneiros de guerra alemães como informantes. Após a guerra, foi enviado para Berlim, onde monitorava a interferência soviética na Alemanha Oriental, e seguiu carreira na CIA, atuando também em Washington e Hong Kong até 1960.

Deixando o mundo da espionagem para trás, Sichel dedicou-se ao setor de vinhos, assumindo os negócios da família e se tornando o responsável por transformar o vinho branco alemão Blue Nun em sucesso comercial no mundo. Durante as décadas de 1970 e 1980, o rótulo se popularizou entre consumidores que antes viam os vinhos alemães como inacessíveis.

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Além disso, escreveu livros influentes, como Which Wine: The Wine Drinker’s Buying Guide (1975) e The Wines of Germany (1980), consolidando-se como um dos mais respeitados especialistas da área. Sua vida secreta como agente da CIA em Berlim, revelada em sua autobiografia The Secrets of My Life (2016), adicionou uma camada de mistério e fascínio ao seu legado.

Ao longo de mais de um século de vida, Peter Sichel deixou sua marca tanto na espionagem quanto na indústria do vinho. Sua jornada única garantiu-lhe um lugar na história, não apenas como um dos grandes comerciantes e conhecedores de vinhos, mas também como um homem que viveu intensamente cada um dos seus 102 anos.

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