Pode-se misturar uvas viníferas e não viníferas em um mesmo vinho?

O uso de uvas viníferas e não viníferas no mesmo vinho pode ser feito, mas existem regras sobre isso

Redação Publicado em 03/09/2024, às 10h00

Usar uvas viníferas ou não vinífera, eis a questão? -

Segundo a legislação brasileira, “Vinho fino é o vinho de teor alcoólico de 8,6% (oito inteiros e seis décimos por cento) a 14% (catorze por cento) em volume, elaborado mediante processos tecnológicos adequados que assegurem a otimização de suas características sensoriais e exclusivamente de variedades Vitis vinífera do grupo Nobres, a serem definidas em regulamento”.

E logo a seguir menciona: “Vinho de mesa de americanas é o vinho elaborado com uvas do grupo das uvas americanas e/ou híbridas, podendo conter vinhos de variedades Vitis vinífera.”

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Ou seja, pela lei, vinhos ditos finos só podem ser feitos com variedades Vitis vinífera, espécies de uvas consideradas mais propícias para a produção de vinho. Elas também são convencionalmente chamadas de cepas “europeias”, que podem ser, por exemplo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Sauvignon Blanc, só para citar algumas das mais conhecidas.

Caso o vinho contenha alguma variedade que não faça parte do rol das Vitis viníferas, tal como as Vitis Labrusca (chamada de “vinha americana”), ou ainda uvas híbridas, ele não pode ser rotulado com “fino”, apenas como “de mesa”.

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Alguns exemplos de “americanas” famosas no Brasil são Bordô, Concord e Niágara – cuja maior parte é consumida in natura. Entre as híbridas, Isabel certamente é a mais conhecida. Atualmente, diversos produtores têm elaborado rótulos usando “uvas americanas” e híbridas, e alguns as utilizam também em blends com Vitis viníferas.

Deve-se frisar que isso não é proibido e tampouco quer dizer que o vinho será pior do que um feito exclusivamente com “uvas europeias”, apenas que, pela legislação, não poderá ser rotulado como fino

Hoje, com cada vez mais informação e diversidade, alguns produtores têm resgatado tradições e, com isso, variedades usadas por seus antepassados para criar vinhos. Dessa forma, a qualidade acaba dependendo menos da espécie de uva, e mais da habilidade e engenhosidade do enólogo para vinificar da melhor maneira qualquer que seja a cepa.

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