Por que a garrafa de vinho padrão tem exatos 750 ml?
Descubra os diversos tamanhos de garrafas de vinho além do padrão de 750 ml!
Redação Publicado em 16/08/2022, às 09h52 - Atualizado em 30/07/2024, às 09h52
Qual o tamanho da garrafa de vinho? Como óbvio alguém responderia que são 750 ml. Está certo se essa for a padrão, mas savia que há outras garrafas de diversos tamanhos? Pode parecer um tanto estranho, mas já pensou em tomar um Nabucodonosor de vinho?
Parece que não faz sentido, mas é fato. Apesar de estarmos acostumados com a garrafa padrão – com seus 750 ml – há vários outros tamanhos, cada uma com um nome mais peculiar do que o outro. O interessante é que ninguém sabe exatamente como surgiram os tamanhos diferentes, muito menos do motivo dos batismos.
Antes de entramos nos diferentes, vamos falar da comum. Porquê de uma garrafa de vinho ter 750 ml e não 1 litro?
Pois é. Quando paramos para refletir sobre essa questão podemos conjecturar muitas hipóteses. Algumas delas podem ou não ter a ver com os três quartos de litro terem se tornado a medida padrão das garrafas de vinho.
Muitos aventam a possibilidade de que os 750 ml tenham nascido da capacidade pulmonar dos sopradores de vidro. Há quem diga que os produtores de vidro só eram capazes de criar espaços que correspondiam a 650 ou 750 ml de líquido quando sopravam o vidro quente para os recipientes. Mas a “industrialização” da produção ocorreu no século XVII e, ainda assim, manteve-se esse padrão. Parece pouco provável, não?
Então, outra teoria diz que 750 ml era a quantidade média de vinho consumido por refeição por um europeu. É inegável que o pessoal antigamente bebia vinho em profusão. Aliás, vale lembrar que, durante a Idade Média, era mais seguro beber vinho do que água. Ainda assim, essa tese não parece das mais confiáveis.
Há quem sustente ainda que a medida teria sido padronizada em decorrência da quantidade de taças servidas em um restaurante. Ou seja, com 750 ml, você poderia servir até seis taças de 125 ml. Haja precisão na hora de servir!
A possibilidade mais aceita, contudo, remete ao comércio entre França e Inglaterra. Ou seja, deveu-se por uma questão de ajuste de medidas. Enquanto os franceses usavam litros como medidas de volume, os ingleses usavam os galões imperiais – que equivalem a 4,54609 litros. Os vinhos eram embarcados em barricas de 225 litros, o que equivalia a aproximadamente 50 galões. E esses 225 litros também equivaliam a 300 garrafas de 750 ml.
Então, para ficar mais fácil, uma barrica era igual a 50 galões ou 300 garrafas. Dividindo 300 por 50 significa que um galão é igual a seis garrafas. Acredita-se que, por essa razão, até hoje os vinhos são costumeiramente vendidos em caixas de seis ou 12 garrafas.
Enfim, como sempre, em quase tudo na história da humanidade e do vinho, essa questão foi definida pelo comércio. Vale lembrar, contudo, que a legislação apontando que 750 ml seria “definitivamente” o padrão é da década de 1970.
Foras do padrão
Além da famosa garrafa de 750 ml, a padrão, há ainda:
Piccolo – São 187,5 ml, ou um quarto de garrafa padrão, foi criada pensando em vender principalmente em restaurantes e cafés como uma dose única. O nome vem do italiano “pequeno”.
Meia garrafa – Com 375 ml surgiu como sendo a dose diária recomendada de vinho para se manter uma vida saudável. Como o nome diz, seu tamanho é a metade da garrafa padrão.
Magnum – Do latim “grande”, a garrafa de 1,5 litro é muito comum em leilões e colecionadores correm atrás das raras produzidas pelas grandes vinícolas. As primeiras garrafas Magnum surgiram no século 18 como uma forma diferenciada de servir o vinho e eram direcionadas para grandes autoridades e festivais.
Jeroboão – Também conhecida como Double Magnum é a garrafa de 3 litros. Recebeu seu nome em homenagem ao primeiro rei de Israel após a divisão do reino. Jeroboão I teria se revoltado contra Salomão e, quando este morreu e o reino dividido, foi proclamado no ano 931 a.C. o novo rei do povo judeu.
Roboão – A garrafa de 4,5 litros é o começo da bagunça! O nome Roboão é aceito por todos menos em Bordeaux, lá ela recebe o nome de Jeroboão, enquanto a garrafa de 3 litros – mundialmente nomeada Jeroboão – é chamada por lá de Double Magnum. Bagunça feita, a Roboão foi batizada em homenagem ao filho de Salomão e neto de Davi – sim o que venceu o gigante Golias. Roboão e Jeroboão foram os responsáveis pela divisão do reino de Israel no século 10 a.C. em dois novos reinos, O Reino de Israel, com Jeroboão sendo rei, e o Reino de Judá com Roboão como líder. Ufa!
Matusalém – Também chamada de Imperial é a garrafa de 6 litros. Muito usada em Champagne, recebe o nome do que a Bíblia aponta como homem que mais viveu na história, 969 anos, morrendo seis dias antes do grande dilúvio.
Salmanasar – A garrafa de 9 litros leva o nome de um rei Assírio que também é citado na Bíblia. Salmanasar ou Salmanaser V foi rei da Assíria, Babilônia, Suméria e Acádia e como tudo isso era grande parte do que se conhecia, foi chamado de Rei do Universo. É tido como o responsável por conquistar o Reino de Israel apesar de esse fato não ser inteiramente consenso entre os especialistas.
Balthazar – São 12 litros de vinho, oitenta taças de 150 ml! Recebe o nome do último rei da Babilônia que teria utilizado as taças sagradas dos templos de Jerusalém para servir vinho e por isso recebeu o castigo divino e a visita nada desejada de Ciro, o Grande.
Nabucodonosor – A garrafa de 15 litros recebe o nome do pai de Balthazar da garrafa de 12 litros! Nabucodonosor II – que também é o nome da nave de Morpheus em Matrix – foi um dos grandes reis babilônios. Reinou no século 7 a.C. e foi conhecido como um dos grandes construtores e restauradores das riquezas da Babilônia.
Salomão – Serve 120 taças de 150 ml! São 18 litros de vinho e pesa mais de 40 kg. Salomão é o filho de Davi e um dos grandes reis de Israel sendo responsável pela construção do chamado Primeiro Templo, construção que seria derrubada pelo famoso construtor – e garrafa de 15 litros – Nabucodonosor.
Sovereign – Nome nada bíblico e história bem mais recente. A garrafa de 26,25 litros nasceu na década de 1980 para ser servido no cruzeiro MS Sovereign.
Golias – Aqui temos 27 litros de vinhos e cerca de 60 quilos! O nome não podia ser melhor, o gigante bíblico foi descrito com uma altura que varia entre 2,38 metros até impressionantes 3,46! Porém, os estudos modernos mostram que quatro côvados e um palmo, altura que Golias teria, era o tamanho que as muralhas deveriam ter para serem consideradas intransponíveis. Então na verdade o que os autores da Bíblia possivelmente queriam dizer era que Golias era tão intransponível quanto uma muralha.
Melquisedeque – Para fechar nossa lista a garrafa de 30 litros. São incríveis 200 taças de 150 ml, 40 garrafas padrão e absurdos 70 quilos! Para se ter uma ideia os poucos vinhos engarrafados na Melquideseque são servidos com uma espécie de balanço para que seja possível virar a garrafa até a taça. Já o nome vem do personagem bíblico que interagiu com Abraão e é descrito como o Rei de Salém. Como possuía características sobre-humanas, alguns estudiosos da Bíblia apontam que na verdade se tratava da primeira aparição de Jesus, bem antes de vir à terra.
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