Se obra for adiante cerca de 50 produtores serão afetados pela ferrovia
Silvia Mascella Rosa Publicado em 10/05/2022, às 04h15
A paisagem da janela pode até ser bela para quem passeia, mas com certeza essa não é uma boa viagem para muitos vinhateiros do Languedoc que estão no caminho entre as cidades de Montpellier e Perpignan, onde irão ser construídos os trilhos da nova linha de trens de alta velocidade (LGV).
Com as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 sendo retiradas, muitos projetos que estavam parados estão sendo retomados, entre eles o da implantação de uma nova linha férrea que atravessará uma área de Denominação de Origem de Picpoul de Pinet, meio do caminho entre as cidades de Montpellier e Pérpignan, no sul da França, na beira mar.
A ODG (Organização de Defesa e Gestão) dessa denominação vem tentando, já há alguns anos, modificar o curso dos trilhos, mas o relatório final, enviado para a prefeitura da grande região de Hérault, mostra que para a construção da linha, 73 hectares de vinhedos terão que ser arrancados.
O presidente da ODG de Picpoul de Pinet, Laurent Thieule, comentou em entrevista que a decisão política já está tomada e que a rota não se moverá. O dinheiro para a obra já foi levantado pelo governo e o que resta para a associação dos produtores agora é tentar fazer o possível para preservar os interesses coletivos e individuais dos produtores atingidos. "Serão cerca de 50 produtores afetados por essa ferrovia, assim temos que trabalhar junto da Câmara de Agricultura para atualizar os preços das terras, pensando na melhor compensação financeira possível para essas desapropriações", explicou Laurent Thieule.
Picpoul de Pinet é uma AOC da região do Languedoc desde 2013, sendo uma das áreas de produção de uvas e vinhos mais antigas da Franca, com dois mil anos de história já documentada. São 1.500 hectares de vinhedos e uma produção anual de cerca de 10 milhões de garrafas. Na AOC existem quatro cooperativas e 24 vinícolas particulares. A principal uva é a branca Piquepoul Blanc.