A história é pouco conhecida e ao que se sabe o primeiro vinho do Brasil foi produzido por jesuítas na vila que deu origem a cidade de São Paulo
Carlos Cabral Publicado em 28/10/2019, às 19h30 - Atualizado em 26/04/2023, às 12h00
É difícil saber com certeza qual o primeiro vinho, mas o expert Carlos Cabral, autor do livro de referência “Presença do vinho no Brasil”, conta um pouco desse início. O que se sabe, os primeiros vinhos nacionais foram produzidos por padres jesuítas, no início da formação da cidade de São Paulo.
O primeiro vinho produzido no Brasil foi em torno de 1554, quando se tem a notícia de um vinhedo produtivo onde hoje fica o Largo da Concórdia, no bairro paulistano do Brás, hoje famoso pelo comércio de roupas.
Este vinhedo foi plantado com as cepas que resistiram ao primeiro plantio, que não deu certo, em Cubatão. Ele foi ordenado pelo vitivinicultor nascido no Porto, Brás Cubas, o fundador de Santos.
No pé da Serra do Mar, hoje Cubatão, nada dava certo, então as cepas subiram para São Paulo e, no Planalto de Piratininga, em uma área que algumas vezes o rio Tamanduateí transbordava, plantou-se o primeiro vinhedo.
Correspondências entre os jesuítas dão conta que os vinhos lá produzidos “davam mal e mal para as missas”, e acredita-se que na missa da Inauguração do Colégio de São Paulo, celebrada pelo Padre Manoel da Nóbrega, e ajudada por Anchieta, em 25 de janeiro de 1554, tenha sido utilizado vinho dessa procedência. Daí em diante as vinhas ganharam o Tatuapé tendo chegado até Mogi das Cruzes.
Quanto ao comércio dos primeiros vinhos, há muitas controvérsias. Por exemplo, em 1560 funda-se a Câmara Municipal de São Paulo cuja a primeira lei aprovada era uma tabela de preços para vinhos, porque os vinhos contrabandeados da Espanha custavam menos que os produzidos nesta Capitania. Os vinhedos de São Paulo foram completamente abandonados devido à descoberta de ouro nas Minas Gerais.
Comercialmente falando, a produção de vinho para ser vendido com uma marca só tem início a partir de 1875 com a chegada dos imigrantes do Vêneto (Itália) na Serra Gaúcha. Vem dessa época as famílias antigas do Sul como os Salton e Valduga, por exemplo.
O pessoal que produzia vinhos foi vendendo seus produtos em cartolas (tonéis) de diversos tamanhos, saiam da Serra com carroções e iam até Porto dos Casais (Porto Alegre) vender seus produtos. Alguns iam até Sorocaba, importante centro de distribuição de carne do Sul para todo o Brasil. Quando muitas famílias já produziam seus vinhos, em 1910 o governo federal exigiu que todos abrissem uma empresa, pois era necessário arrecadar impostos. Assim, as vinícolas no Brasil só passaram a existir oficialmente a partir de 1910.