Arqueólogos descobrem um friso monumental que revela como o vinho estava entrelaçado na cultura da antiga Pompeia
Redação Publicado em 06/03/2025, às 11h00
Arqueólogos em Pompeia encontraram um friso monumental retratando seguidores de Dionísio, o deus grego do vinho. A obra, que cobre três paredes de um salão de banquetes, mostra adoradoras homenageando a divindade e pode oferecer novas perspectivas sobre os rituais religiosos antes da erupção do Vesúvio, em 79 d.C.
O friso apresenta cenas vibrantes: bacantes, as seguidoras de Dionísio, aparecem em procissão com um bode sacrificado, enquanto sátiros bebem e tocam música. Sileno, o mentor do deus, também está representado. Segundo os pesquisadores, a pintura pode ter sido inspirada em As Bacantes, tragédia de Eurípides escrita em 405 a.C., que descreve a ira de Dionísio contra aqueles que duvidavam de seu poder.
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A descoberta reforça a importância do culto dionisíaco em Pompeia. Em 1909, a famosa Villa dos Mistérios já havia revelado afrescos com cenas semelhantes de iniciação e celebração. Para o Ministro da Cultura da Itália, Alessandro Giuli, o novo achado é "histórico" e amplia a compreensão da vida e das crenças no Mediterrâneo antigo.
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O culto a Dionísio era marcado por rituais intensos, nos quais o vinho, a música e a dança levavam os participantes a um estado de êxtase – prática que deu origem ao termo "bacanal". Essa conexão entre o vinho e a libertação emocional atravessou séculos, refletindo-se até mesmo no mundo moderno: a uva Bacchus, criada em 1933 e batizada em homenagem ao deus, é hoje uma das mais cultivadas no Reino Unido.
As escavações em Pompeia, retomadas em 2023, continuam a revelar detalhes fascinantes sobre a vida antes da tragédia, incluindo complexos de banhos, banquetes luxuosos e até um dos primeiros estabelecimentos de limpeza a seco da história.