Aumento dos impostos em novembro de 2020 tornou a comercialização impraticável
André De Fraia Publicado em 01/03/2021, às 12h10 - Atualizado em 07/04/2021, às 16h12
Com um mercado gigante e em expansão a China se tornou um dos principais destinos de diversos vinhos mundo afora. E isso é uma realidade principalmente para produtores australianos que, com a proximidade geográfica e os bons preços, teve o mercado chinês como principal comprador.
Porém, em novembro de 2020 a China anunciou o início de uma taxação que varia entre 107,1% e 212,1% sobre os vinhos australianos. Essa medida veio depois da reclamação do setor vinícola chinês que alegou práticas ilegais de mercado do governo australiano favorecendo suas vinícolas. A China diz ter mais de 40 investigações de subsídios que justificariam a taxação dos vinhos da Austrália.
A medida, no entanto, está levando as vinícolas australianas ao colapso, no ano fiscal de setembro de 2019 a setembro de 2020 a China foi responsável por 39% das compras internacionais do vinho australiano "Este é um golpe devastador para as empresas do vinho que negociam com a China", disse o ministro australiano do Comércio, Simon Birmingham. "Achamos que é injustificado e sem evidências para apoiá-lo", finaliza sobre os impostos.
Vinícolas como a Jarressa Estate foram fortemente impactadas, a empresa passou de exportar sete milhões de garrafas por ano, 96% de sua produção, para zero desde a entrada das novas medidas. “Isto está nos prejudicando dramaticamente. Temos muita mercadoria a ser paga e encomendas para enviar, nossa situação hoje é muito incomoda”, diz o proprietário Jarred Wihte.
As tarifas chinesas no vinho vieram após uma escalada das tensões entre os dois países. O início foi quando o governo australiano pressionou o chinês a descobrir a origem do Coronavírus, a China incomodada respondeu com um aumento nos impostos sobre a carne bovina e a cevada australiana. Na sequência o governo da Austrália bloqueou a compra de uma empresa australiana por uma chinesa alegando que a aquisição "seria contrária ao interesse nacional", o que irritou o governo de Pequim.
A China reconheceu o relacionamento desgastado, mas deixou claro que o dedo deve ser apontado para o outro lado. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês chegou a dizer que a Austrália deveria arcar com a culpa pela "forte desaceleração" nas relações entre os dois países. "A responsabilidade por causar esta situação não é da China", disse o porta-voz Zhao Lijian.
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