Aumentos devem chegar a 12% no terceiro trimestre de 2021
Glaucia Balbachan Publicado em 03/01/2022, às 09h00
Vidro, energia e transporte aumentam os custos da produção de vinho na Europa trazendo incertezas
Enquanto a atenção das notícias é inteiramente absorvida pela quarta onda do Covid-19 e pela variante Omicron na Europa, o mundo da produção de vinho está lidando com o enorme aumento de custos, que está atrasando o consumo, reduzindo as margens das empresas e o poder aquisitivo dos consumidores.
O impacto do aumento dos custos de produção no setor atinge principalmente a Itália, França e Espanha - principais países produtores de vinho.
Na Itália, os aumentos no terceiro trimestre de 2021 atingiram 12% com um pico de +24,4% registrado pelo aumento dos custos de energia. Isso foi declarado pelas cooperativas de vinho da França, Itália e Espanha, que representam mais de 50% da produção de vinho da União Europeia, em nota conjunta que analisa a situação do mercado nos três países.
O que é preocupante são as dificuldades de abastecimento vivenciadas em muitos casos pelas empresas, que também são obrigadas a lidar com os custos de transporte que dobraram, especialmente no exterior, resultando em sérios atrasos na entrega de garrafas, que muitas vezes acabam se tornando em custos adicionais.
"O aumento do custo das matérias-primas tem repercussões negativas em toda a cadeia de suprimentos", comenta Luca Rigotti, coordenador do setor vitivinícola da Cooperativa Alleanza Agroalimentari, que também é chefe do Grupo de Trabalho do Vinho da Copa-Cogeca.
"Os aumentos vão desde o custo da eletricidade até o de fertilizantes, mas os preços de vidro, caixas, embalagens e materiais de construção também estão subindo. No momento, os preços do vinho não subiram na medida para absorver o aumento dos custos, que está sendo suportado principalmente pelos produtores".
Uma das consequências dessa alta de custos para vinícolas são adiar planos de modernização ou fazer novos investimentos, especialmente aqueles que devem enfrentar o desafio da transição ecológica do setor vitivinícola europeu.
Para completar a situação atual do mercado nos três países, há sinais positivos provenientes de um aumento nos preços de venda (causado por uma colheita abaixo da média nos últimos anos) e um aumento nas exportações, também apoiado pelo fim dos direitos dos Estados Unidos.
Os principais pontos críticos vêm não apenas do aumento dos custos de produção, mas também do medo de uma possível reintrodução das restrições no canal de HORECA – hotéis, restaurantes e cafés – devido à continuação da pandemia Covid-19, que acabaria tendo um efeito desestabilizador e um forte impacto no consumo europeu de vinho.
"Mesmo nessas situações difíceis, é necessário manter a estabilidade do mercado, garantindo aos clientes uma certa continuidade da oferta”, conclui Rigotti.
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