Redação Publicado em 12/08/2020, às 15h00 - Atualizado às 13h07
A garrafa mais cara de vinho vendida até hoje foi um exemplar de 6 litros (a chamado Matusalém) da safra 1992, a primeira do cultuado Screaming Eagle, da Califórnia. O preço é inacreditável: 500 mil dólares, hoje algo como 2,7 milhões de reais. A façanha ocorreu num leilão benificente no Vale do Napa, nos EUA, no ano 2000.
O Cabernet Sauvignon de Oakville, cidade com menos de 100 habitantes, virou um objeto de adoração dos colecionadores milionários que têm seu nome na seleta lista de compradores de uma produção de apenas 500 caixas por ano, sem vendas no verejo convencional.
A região, pode-se dizer, é histórica na produção de vinhos, já que abriga projetos como o Opus One, parceria de Robert Mondavi com o Barão Phillipe de Rotschild, e a Heitz Cellar, do aclmado Martha’s Vineyard.
Para se adquirir uma garrafa do Screming Eagle é preciso entrar numa lista de compradores que tem fila de espera. Sabe-se que pode-se demorar anos até que a empresa faça contato alertando que seu nome enfim se tornou elegível para a compra, porém, eles não divulgam o tamanho da lista de espera – aumentando, assim, o frisson em torno do vinho. Há boatos de que mais de 5 mil nomes estejam nela.
Nasce a Lenda
Apesar de ser um dos vinhos mais famosos do mundo atualmente, a história de Screaming Eagle é recente e tem um forte cunho feminino. Em 1986, Jean Phillips, então corretora imobiliária, comprou uma propriedade perto de Oakville, no Napa Valley, com 57 acres, plantada com diversos tipos de variedades. Até 1992, ela vendia suas uvas para as vinícolas ao redor, menos as Cabernet Sauvignon de cerca de 80 vinhas, com as quais ela fazia um vinho próprio em garrafas plásticas.
Naquele ano, ela decidiu verificar se seu vinho tinha algum potencial e levou amostras para o pessoal da vinícola de Robert Mondavi, perto dali. A equipe de Mondavi lhe encorajou a engarrafar seu Cabernet denso e escuro. Nascia o Screaming Eagle, ou seja, a águia gritando, é um símbolo americano, que representa a determinação e a ousadia.
Ela contratou como consultor Richard Peterson, um dos pioneiros do vinho no Napa, mas foi a filha dele, Heidi Peterson Barrett – casada com Bo Barrett, enólogo do Chateau Montelena – que se tornou a primeira enóloga do novo empreendimento de Jean.
Seu primeiro vinho, um Cabernet da safra 1992, foi lançado em 1996 e, para a surpresa de todos, Robert Parker provou e concedeu seus perfeitos 100 pontos logo de cara. Foi o suficiente para que Screaming Eagle se tornasse uma lenda.
Cassis, mineral e defumado
Screaming Eagle é um vinho com ricos aromas que lembram creme de cassis e sabores límpidos de fruta pura e sedutora. Ele é envelhecido em barricas de carvalho francês 65% novas por 18 a 20 meses e engarrafado sem filtrar.
Além de 1992, a safra 1997 também alcançou a perfeição segundo Parker, que afirma que, apesar disso, todas as safras desse vinho têm sido esplêndidas. No nariz, além de cassis, toques minerais e defumados aparecem. O corpo é denso e com taninos bem integrados que farão o vinho envelhecer bem por cerca de 20 ou 30 anos depois de engarrafado.
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