Vinho laranja é mais antigo do que muitos imaginam

Embora seja um conceito novo, o vinho laranja na prática é muito mais antigo do que o vinho branco

Arnaldo Grizzo Publicado em 16/01/2024, às 10h30

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Vinho laranja não é algo recente, mas o vinho branco límpido e brilhante é um conceito moderno. Muito antigamente, os vinhos brancos costumavam ser deixados para macerar em suas peles por muito tempo, assim como ocorre com os tintos (que ganham sua cor graças aos pigmentos presentes nas cascas). Ou seja, os antigos já faziam vinho laranja muito antes de eles serem assim classificados.

Só lembrando que o conceito por trás desses vinhos é a maceração com as peles, o que geralmente lhes dá uma cor mais âmbar – daí o nome laranja.

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Diz-se que o “pioneiro moderno” dos laranjas é Josko Gravner, um vitivinicultor da região do Friuli, na Itália. No ano 2000, ele visitou a Geórgia, onde se inspirou em uma tradição que remonta a quase 5.000 anos, em que as uvas são colocadas em grandes ânforas de argila, enterradas no solo, seladas e deixadas para fermentar na terra, com cascas e tudo.

De volta à Itália, testou os métodos e gostou dos resultados com uvas como a Sauvignon Blanc e a indígena Ribolla Gialla, por exemplo. Em algum tempo, amigos passaram a segui-lo, como Stanislao Radikon, Edi Kante, os irmãos Giorgio e Nicolo Bensa, de La Castellada, e Ales Kristancic, da vinícola Movia na fronteira entre Friuli e Eslovênia.

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Nos anos seguintes, produtores de outros locais passaram a experimentar as técnicas, especialmente alguns norte-americanos – muitos visitaram o Friuli, outros foram à “fonte”, na Geórgia também.

Assim “nasceram” os vinhos laranjas, termo que é creditado a um importador inglês que teria denominado esses vinhos dessa forma em 2004. E se antes eram vinhos comentados somente entre conhecedores, hoje eles são uma categoria nova, com uma série de vinícolas criando suas próprias versões, mesmo que não em ânforas de barro e nem com o mesmo tratamento pouco intervencionista pregado por alguns dos pioneiros.

Mas, resumindo, os laranjas são vinhos brancos vinificados como tintos, surgidos de uma espécie de “atavismo enológico”, se podemos assim definir, já que são inspirados em técnicas ancestrais. São vinhos que geralmente aliam frescor e notas cítricas a texturas incomuns aos brancos convencionais – inclusive, em alguns casos, com discreta tanicidade – além da cor âmbar e, muitas vezes, da turbidez.

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