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Tensões comerciais

China mantém caução alfandegária e prorroga investigação sobre conhaque da União Europeia

Medida antidumping afeta diretamente o setor francês, que já acumula perdas de €50 milhões por mês

Imagem China mantém caução alfandegária e prorroga investigação sobre conhaque da União Europeia

por Redação

A China anunciou a prorrogação por três meses da investigação antidumping sobre as importações de conhaque da União Europeia (UE) e manteve a exigência de caução junto às alfândegas chinesas. A medida, que amplia o prazo de análise até 5 de julho, é vista como parte da disputa comercial entre Pequim e Bruxelas, especialmente após a UE iniciar uma investigação contra subsídios chineses à indústria de veículos elétricos.

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Caução continua exigida nas alfândegas

Desde novembro do ano passado, os importadores chineses de brandies europeus, incluindo o conhaque francês, são obrigados a depositar uma caução ao ingressarem com os produtos no país. Essa garantia — que pode ser feita por meio de fiança bancária — foi imposta como medida antidumping temporária e segue vigente, afetando diretamente o fluxo de exportações da indústria francesa de conhaque.

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Qual o impacto para o setor francês de conhaque?

A indústria do conhaque francês afirma estar perdendo €50 milhões por mês desde o início das medidas provisórias. Com 98% da produção voltada à exportação — sendo 25% destinada à China —, o setor é altamente vulnerável a barreiras comerciais.

Dados do setor:

  • Empregos diretos e indiretos: 72.500 pessoas
  • Exportações totais: €3,35 bilhões por ano
  • Principais mercados: EUA (38%) e China (25%)

Disputa sino-europeia gera instabilidade

O prolongamento da investigação antidumping surge poucos dias após Pequim aceitar o pedido do governo francês para adiar por três meses a aplicação definitiva de tarifas adicionais ao conhaque europeu. A medida deveria entrar em vigor no sábado, 5 de abril, data prevista inicialmente para o encerramento da investigação.

Retaliações e riscos à diplomacia comercial

A disputa atual é considerada uma retaliação chinesa à investigação da Comissão Europeia sobre os subsídios estatais concedidos a fabricantes chineses de veículos elétricos — um setor estratégico para o governo de Xi Jinping. A imposição de medidas contra o conhaque, símbolo da exportação de luxo francesa, amplia a tensão entre as potências comerciais e expõe a vulnerabilidade de setores altamente dependentes de mercados específicos.

Enquanto isso, produtores franceses seguem pressionando por uma solução diplomática e temem que a permanência das tarifas possa comprometer irreversivelmente sua presença no mercado chinês, um dos mais estratégicos para o setor de bebidas alcoólicas premium.

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