Muitas regras e um paladar bem disposto possibilitaram a prova e análise de dezenas de vinhos durante um concurso internacional na Serra Gaúcha
por Sílvia Mascella Rosa
Envoltos em enorme silêncio e com a paisagem coberta de parreirais de uva Merlot ao alcance dos olhos, 51 degustadores de nove países se alternaram durante três dias no começo de novembro, para degustar 434 amostras de vinhos. Elas foram enviadas por 15 países participantes do IV Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, entre eles África do Sul, Espanha, França, Chile e Portugal.
O evento aconteceu no Villa Europa Hotel e Spa do Vinho Caudalie, no coração do Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves, RS). Organizado pela Associação Brasileira de Enologia, o Concurso segue as rígidas regras da OIV (Organização Internacional da Uva e do Vinho), cujo diretor geral, o italiano Federico Castellucci, esteve presente como degustador, ao lado de enólogos como o alemão Ralf Anselmann (proprietário da Vinícola Anselmann no Mosel); do vice-presidente da União Internacional de Enólogos, o uruguaio José Lez Secchi; do francês Jean-Lucien Cabirol; especialistas brasileiros e esta repórter de ADEGA, entre outros.
A cada manhã, os cinco degustadores de cada uma das cinco bancas provaram e analisaram 28 vinhos e destilados. O fato de as provas acontecerem logo de manhã é motivado pela maior limpidez do paladar das pessoas e da agudez de seus sentidos. Para essa análise, era fornecida somente a safra do produto (quando disponível ou relevante) e o tipo (branco, tinto, espumante, rosé, fortificado, demi-sec etc). Os critérios de uma degustação às cegas como essa ditam que não se conheça nem a procedência do produto e nem as uvas de sua composição, para evitar qualquer espécie de preconceito ou pré-julgamento.
As fichas individuais de cada vinho e de cada degustador têm seus resultados imediatamente transferidos para computadores que compilam os dados e chegam aos fermentados que obtiveram as maiores pontuações. Para essa conta, é utilizada a mediana das notas, ou seja, tanto a nota mais alta quanto a mais baixa são excluídas e só são aproveitadas as verdadeiras médias. Essa prática também visa excluir notas que advenham de um gosto particular do degustador.
Ainda segundo as normas da OIV, somente 30% das amostras podem ser premiadas. O resultado foi a distribuição, em uma festa na noite de 6 de novembro, de 127 medalhas, sendo 95 de ouro, 31 de prata e uma grande medalha de ouro para a Agrícola Santa Teresa, do Chile, com o vinho Santa Inês Reserva Syrah Edition Limited. O Brasil levou 77 medalhas, principalmente por seus espumantes, que obtiveram 35 ouros. A grande surpresa da noite, no entanto, ficou por conta da premiação com ouro do vinho tinto Fond de Cave Crianza, produzido no Peru, mais uma das novas fronteiras do vinho.
51 degustadores se reuniram por três dias na Serra Gaúcha para avaliar 434 amostras de vinhos |
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