por Edgar Rechtschaffen
CAEM OS PREÇOS DOS GRANDES BORDEAUX
Os preços dos aristocráticos vinhos bordaleses estavam muito elevados. Château Valandraud, um dos ícones de St. Emilion, foi um dos primeiros a postar preços com redução de 50% sobre os da safra 2003, para compras en primeur (venda com entrega futura, no prazo aproximado de 2 anos), com preço fixado em ? 85, por garrafa de 750 ml. Na mesma tendência, o Premier Cru Classe Château Latour ofereceu ao mercado uma primeira tranche a ? 90.
As caixas disponíveis foram rapidamente absorvidas. Então, uma segunda tranche foi ofertada por ? 120. Isso fez com que Latour se tornasse o mais caro entre os cinco Premiers Crus. Dos outros quatro, Lafite saiu com preço de ? 80, seguido por Mouton, Margaux e Haut-Brion. E, como o mercado comprou avidamente o Margaux, essa propriedade ofereceu então uma segunda tranche a ? 95.
QUANTO VALE UM VINHEDO?
Não muito. A Comunidade Européia, no seu programa para estimular a erradicação de vinhas de qualidade inferior, fi xou uma indenização de ? 6300 por hectare de vinhas. Ou seja, R$ 2,00 por vinha. Valor considerado por muitos produtores como insufi ciente para atuar como um incentivo.
Vale comentar que, nos últimos 20 anos, quase 100.000 hectares (1 hectare corresponde à área de um quadrado com lado de 100 m) de vinhas foram erradicadas na maior região produtora francesa, o Languedoc -Roussillon.
O IMPERADOR DO VINHO
A ascenssão de Robert Parker Jr e a supremacia do gosto americano. Este é o título do recém-lançado livro The Emperor of Wine, de autoria da jornalista Elin MacCoy, publicado pela Ecco e impressa pela HarperCollins. Segundo Adam Lechmere, da prestigiosa revista inglesa de vinhos, Decanter, trata-se de uma extraordinária exploração do fenômeno Parker. Baseado em uma impecável pesquisa (a lista de fontes cobre uma dúzia de páginas) e em tantos detalhes que, ao lê-lo, o leitor se sente hermeticamente ligado ao guru do estado do Maryland. Trata-se de uma biografia não autorizada, mas Parker, que iniciou sua carreira como advogado atuante, parece ter dado uma aprovação tácita no bulletin board de seu concorrido site.
VINEXPO
Na terceira semana de junho realizou-se a mais prestigiosa feira de vinhos do mundo, reservada ao trade. A partir de 20 de junho, 2400 expositores, representando 47 países produtores, expuseram seus produtos na bienal. Segundo o site da Vinexpo, 63% dos vinhos expostos foram franceses. O Novo Mundo do vinho, que hoje representa 24% das vendas mundiais, esteve bem representado: Chile, Argentina, África do Sul, Austrália e EUA.
A Austrália teve seu espaço total reduzido em 50%, para 713 m2, com relação a 2003; à Itália também coube uma área 60% inferior à pretendida. Sutilezas gaulesas. O leitmotif da mostra foi "o mundo muda e a Vinexpo se adequa". Um dos temas centrais abordados nas conferências foi como escoar uma produção global anual de 30 bilhões de garrafas, e crescente. Algo como, por exemplo, cinco garrafas/ano por cada habitante do planeta Terra. Dos quais 60% são menores. Um mercado aparentemente saturado, estimado em U$ 150 bilhões.
ENCERRADO O RUMOROSO CASO DO "VIN DE MERDE"
A revista Lyon Mag, sediada na cidade de mesmo nome, há dois anos foi condenada pela justiça a pagar uma pesadíssima multa (? 200.000) por danos morais à associação de vinhateiros do Beaujolais, por ter veiculado uma matéria na qual um conhecido degustador definira o Beaujolais como um "vinho de merda". Após apelação à instância superior, o rumoroso caso teve sua decisão revertida, e os reclamantes foram condenados a pagar ? 2000, pelo reembolso apenas das custas judiciais.
Para a decisão, a corte de apelação entendeu que, face ao artigo 10 Convenção Européia, o público em geral tem o direito de ser submetido às mais variadas opiniões. Uma vitória da liberdade de expressão. O artigo em questão abordava as razões do pedido dos produtores do Beaujolais, pedindo um subsídio para transformar 10 milhões de litros de vinho não vendidos. Os jornais gauleses Le Monde, o Nouvel Observateur, o hebdomadário Lê Point e, entre muitos outros, a Tribune de Genève, o New York Times e o Herald Tribune veicularam a notícia com destaque, e algum toque satírico.
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