Dominio del Plata, no sopé dos Andes, na região de Mendoza, está completamente integrado à maravilhosa paisagem da cordilheira
por Arnaldo Grizzo
Sob os olhares da imponente cordilheira, Dominio del Plata tem design simples, que se integra à paisagem |
Quem vai pela primeira vez à Mendoza certamente fica extasiado perante as vistas que se tem da Cordilheira dos Andes. Se o visitante for um enófilo, seu deslumbramento é ainda maior nesta que é a principal região vitivínicola argentina. Os vinhedos se estendem por milhares de hectares até beliscarem o sopé das montanhas.
A cada estação que passa, as tonalidades de cores montam novas versões de paisagens fantásticas. O contraste ou a harmonia dos tons – que vão desde o branco glacial dos picos andinos a variações terrosas das plantações, passando pelo céu, que pode combinar o azul intenso e límpido com escalas de cinza das nuvens, e pelas vinhas, que, dependendo da época do ano e das castas, assumem tonalidades que vão do verde ao avermelhado, coradas pelo sol que banha as encostas – impressionam.
É nesse pedaço de paraíso vitivínicola que está Dominio del Plata. Perfeitamente integrada a essa paisagem fascinante, a bodega de Susana Balbo, com estilo contemporâneo, chama a atenção exatamente pela discrição com que se incorpora ao panorama mendocino.
O projeto Dominio del Plata começou em 1999, mas foi somente em meados de 2001 que o edifício da bodega, localizado no centro do distrito de Agrelo, em Luján de Cuyo, foi finalizado. O desenho do prédio foi feito pela proprietária da bodega, Susana Balbo, que além de desenhar seus vinhos, estruturou o que precisava para poder produzi-los.
Susana diz que se inspirou nas vinícolas sul-africana, cujos telhados quase tocam o chão. Contudo, para não diminuir o espaço interno da bodega, ela resolveu aumentar as paredes para abrigar melhor os 50 tanques de vinificação. “Foi um desenho com poucos recursos, mas que requereu muita engenhosidade”, conta a proprietária.
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Tudo sob controle
A inspiração veio das vinícolas sul-africanas, mas as paredes tiveram de ser aumentadas para abrigar os 50 tanques de vinificação |
Na verdade, não somente o edifício, mas todo o desenho da vinícola, o projeto dos vinhedos, as plantações, as variedades, o sistema de irrigação, enfim, todos os manejos necessários desde a colheita foram pensados por Susana de modo a garantir uma supervisão pessoal da qualidade dos processos. Por isso, a bodega tem um design único e simples.
Por fora, os tijolos vão desde tons cinzas na base até uma mistura de marrom e bege que não se sobrepõe à maravilhosa visão dos Andes. O telhado cinza também foi planejado para suportar o período de neve na região. Assim, seu formato faz com que a neve se desprenda sem sobrecarregar a estrutura do prédio.
Dentro e fora tudo foi organizado para facilitar os processos de vinificação – visando o que eles chamam de viticultura de precisão. Internamente, o local possui isolamento térmico que mantém a temperatura abaixo de 15oC durante o ano todo. A imponência dos tanques de aço inoxidável também compõem o ambiente, contrastando com os semitons das barricas de carvalho e das paredes de tijolos.
Aqui impera a funcionalidade, os traços regulares, a sobriedade, tudo em prol dos processos vitivinícolas |
Um só
A simplicidade nas formas é, sem dúvida, uma das grandes marcas do Dominio del Plata. Os detalhes são míninos na estrutura, com pequenos suportes externos anexos para enfeitar. O verde também não se resume às vinhas, mas um conjunto de vegetação e árvores fica diante das fachadas. No mais, impera a funcionalidade, os traços regulares, a sobriedade.
Explorar esta região é certamente um grande atrativo para enófilos e a bodega recebe visitantes durante a semana para tours e degustações. Ali, indubitavelmente não haverá programa melhor do que provar vinhos deliciosos vendo o pôr-do-sol ao pé dos Andes, admirando as cores nas taças e na paisagem encantadora de Mendoza.
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