Qualidade artesanal e bons vinhos

Ráscal supera o desafio de oferecer vinhos para pratos repletos de variedades

por Marcelo Copello

Ráscal realiza 130 mil atendimentos por mês e oferece 90 rótulos em sua adega
No universo do vinho, sabemos que a quantidade é inimiga da qualidade. Os grandes caldos são todos de produção pequena, às vezes ínfima. Também sabemos que com talento, competência, tecnologia e trabalho árduo é possível brindar o mercado com ótimos fermentados a preço acessível. É o que chamamos de best buy: vinhos que nos surpreendem e nos fazem pensar: "como pode ser tão bom e custar tão pouco?".
No mundo dos restaurantes ocorre o mesmo. Inaugurado em 1994, hoje com seis unidades em São Paulo e duas no Rio de Janeiro, o Ráscal realiza 130 mil atendimentos por mês com uma classe invejável. É a qualidade artesanal em proporções industriais. E o que nos interessa: trazendo junto o vinho. A carta não é extensa, mas é bem escolhida - atualmente conta com cerca de 90 rótulos -, constantemente ampliada e melhorada a pedido dos clientes, o que é um ótimo sinal. Os mais vendidos são os tintos sulamericanos, porém, a demanda por novos rótulos europeus é a que mais cresce. Os preços são acessíveis (têm margens honestas), com muitas boas opções abaixo dos R$ 100,00 e ótimas aquisições que não chegam aos R$ 200,00.
fotos: Ráscal/divulgação
Adega climatizada com 600 garrafas, 13 opções em taça e 15 em meia garrafa

A variedade do cardápio é enorme (tudo por R$ 42,00). São dezenas de opções, a maioria self-service, feitas na hora, ao gosto do cliente. Há um buffet de saladas e entradas, massas artesanais, pizzas, risotos e grelhados. Como dica, comece com uma taça do delicioso branco argentino Quara Torrontés 2007 (R$ 11,00) e vá brincar no buffet de entradas, harmonizando- o com o Salmão Gravlax. Nas massas artesanais há um pouco de tudo, formatos curtos, longos e recheados: desde clássicos como Fettuccini Alfredo com polpetone até os mais sofisticados Linguine em tinta de lula com molho de frutos do mar ou Marombini de Galinha D'Angola preparado com cogumelos, vinho tinto e noz moscada. Nesta hora, na taça, pode-se ter um tinto do sul da Itália, aveludado e fácil de beber, como o Primitivo de Maduria Masseria Trajone 2005 (R$ 63,00).
No capítulo das pizzas sugiro uma harmonização que fica excepcional: o nobre espanhol do Priorato, Les Terrasses 2005 (R$ 189,00), do craque Álvaro Palacio. Um vinho muito mineral, mas precisa ser decantado por ao menos 40 minutos para se mostrar e encantará se combinado com a Pizza de calabresa defumada. Para o momento das carnes, sugiro um vinho subestimado, que vale cada centavo: Masi Grandarella 2005 (R$ 183,00), no estilo dos Amarones, que enfrentará com galhardia qualquer opção dentre os grelhados da casa.
O aconselhamento do sommelier Fernando Adami é tranqüilo e sobrevive ao desafio quase impossível de recomendar vinhos para um serviço de buffet em que, no prato, o cliente pode ter de tudo ao mesmo tempo.
A adega (da unidade visitada) é climatizada, tem 600 garrafas e enfeita o salão. As taças são de qualidade. A oferta de vinhos em taça é boa, com 13 opções, completada por 15 opções em meia garrafa. Para sobremesa apenas duas alternativas, mas as fundamentais: um Porto e um Muscat, de boa qualidade. Outra agradável notícia é que a casa não cobra taxa de rolha, o que certamente ajuda a tornar o endereço uma opção para o dia-adia do enófilo.

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