10 coisas que você precisa saber sobre o Brunello di Montalcino

Uma lista com 10 coisas para saber sobre o Brunello, o mais celebrado vinho da Toscana

Arnaldo Grizzo Publicado em 18/12/2023, às 17h00

Brunello foi a primeira DOCG italiana - Divulgação

Alguns dos vinhos tintos mais longevos do mundo são produzidos na pequena região de Montalcino, um vilarejo medieval ao sul de Siena, na Toscana. Os Brunello lá produzidos são aclamados mundo afora, considerados um patrimônio da vitivinicultura italiana, cultuados por apreciadores que costumam ter paciência para desfrutar de seus sabores já na maturidade.

Conheça, portanto, 10 pontos importantes sobre a denominação Brunello di Montalcino.

1. DOCG

Apesar de os primeiros Brunello di Montalcino serem datados do século XIX, a denominação de origem só surgiu em 1966. Contudo, pouco depois, a região foi alçada à uma categoria ainda superior segundo as leis italiana, a DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida). Brunello foi a primeira DOCG italiana. Atualmente há 77.

2. A invenção de Brunello

Diz-se que Ferrucio Biondi Santi foi o “inventor” do Brunello. Ele teria criado o conceito de produção, utilizando-se de uma longa fermentação e posteriormente deixando o vinho longo período envelhecendo tanto em grandes tonéis de carvalho quanto em garrafa. Mas deve-se apontar que as bases foram dadas também por Clemente, avô de Ferrucio. Farmacêutico de formação, ele começou a estudar as variedades de uvas da Toscana e seus clones, assim como as técnicas de vinificação. Entre suas garrafas premiadas estava o Vino Scelto (algo como “Vinho Escolhido”), de 1865, feito da casta conhecida como Brunello.

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A pequena região de Montalcino, um vilarejo medieval ao sul de Siena, na Toscana, produz um dos vinhos mais longevos do mundo

3. Sangiovese?

Os Brunello são feitos com um clone de Sangiovese Grosso, conhecido nos arredores de Montalcino como Brunello ou Brunellino, devido à cor escura dos bagos (brune significa marrom em italiano). Os Biondi Santi se concentraram na seleção clonal dessa vinha toscana que, na Tenuta Il Greppo, foi identificada por volta dos anos 1970 como BBS11 – Brunello Biondi Santi, vite nr. 11. Os produtores locais defendem que a Sangiovese de lá é diferente das de outras regiões como Chianti, por exemplo.

4. Produção

A zona produtora de Montalcino compreende uma área de 24 mil hectares delimitada pelos rios Asso (a leste), Orcia (ao sul) e Ombrone (a oeste). Cerca de 15% dessa área (aproximadamente 3.600 hectares) são ocupados por vinhedo, sendo aproximadamente 2.100 hectares sob a denominação Brunello di Montalcino e o restante para outras denominações como Rosso, Moscadello, Sant’Antimo e outros vinhos.

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A maioria dos vinhos de Brunello suportam facilmente uma década de guarda, podendo, na verdade, ir muito além dos 30 anos

 

5. Nome

A origem do nome Montalcino é incerta, mas há duas hipóteses. A primeira diz que deriva de Mons Lucinus, monte dedicado à deusa romana Lucina. A segunda, mais aceita, fala sobre Mons Ilcinus, monte das azinheiras, devido à grande presença dessas árvores. No brasão da cidade, pode-se ver uma azinheira sobre três montes.

6. Brunellogate

Em março de 2008, uma reportagem da revista Wine Spectator colocou os produtores de Brunello contra a parede. Nela havia a denúncia de que alguns deles não estavam respeitando as regras da denominação e colocando outras uvas além da Sangiovese no vinho. Na época, produtores de renome foram colocados sob investigação e o caso ficou conhecido como Brunellopoli ou Brunellogate. Depois disso, o Consorzio Brunello di Montalcino, que fiscaliza os produtores, passou a intensificar o controle. Até o momento, contudo, não se provou a fraude.

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Além de Brunello, há três denominações de origem na zona de Montalcino: Rosso, Moscadello e Sant’Antimo

 

7. Serviço e harmonização

Há produtores que recomendam até 8 horas de decanter para que seus vinhos se abram, especialmente os mais jovens. Portanto, não é má ideia abrir a garrafa e decantá-la por algum tempo para que a potente estrutura do vinho deixe transparecer suas sutilezas, além de eliminar as borras. O Brunello é melhor apreciado entre 18º e 20ºC. Devido ao seu caráter, faz boas combinações com carnes, inclusive as de caça. Seus tons terrosos também harmonizam com funghi e trufas. Queijos potentes, como Pecorino e outros de estilo parmesão também são acompanhamentos interessantes.

8. Longevidade

Os produtores de Brunello são unânimes em dizer que seus vinhos são extremamente longevos. Jacopo Biondi Santi, por exemplo, aponta uma guarda de 30 a 50 anos para seus vinhos. A maioria, contudo, afirma que os vinhos suportam facilmente uma década de guarda, podendo, na verdade, ir muito além dos 30 anos.

9. Longa espera 

O rendimento máximo de uva permito em Brunello é de 8 toneladas por hectare. Os Brunello só podem ser lançados no mercado cinco anos após a safra (seis no caso dos Riserva). Durante esse período, eles precisam passar por estágio mínimo em carvalho de dois anos e quatro meses em garrafa (sendo seis para os Riserva).

10. Outras denominações 

Além de Brunello, há três denominações de origem na zona de Montalcino: Rosso, Moscadello e Sant’Antimo. O Rosso di Montalcino foi criado em 1984 para ser o “vinho de entrada” para os Brunello. Eles também só podem ser feitos com Sangiovese, porém podem ser comercializados depois de apenas um ano da safra, sem requerimentos específicos de envelhecimento em madeira ou garrafa. Já o Moscadello di Montalcino é um vinho doce, feito com a variedade Moscato Bianco. Sant’Antimo, por fim, abarca todos os outros vinhos produzidos na região, tanto tintos quanto brancos, incluindo Vin Santo.

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