Pesquisas recentes mostram que na verdade tanto faz se o vinho está em pé ou deitado, desde que guardado em temperatura e umidade adequadas – o que não é tão simples assim, veja o porquê.
André De Fraia Publicado em 20/10/2022, às 08h00
Um dos dogmas do mundo do vinho é: guardar as garrafas de vinho sempre (sempre!) deitadas.
Isso seria importante, porque mantém a rolha umedecida, conservando suas qualidades e impedindo que ela resseque, além de garantir a mínima entrada de oxigênio, o que favorece o bom envelhecimento do vinho.
No entanto, pesquisas recentes mostram que não é bem assim.
“A orientação da garrafa durante o armazenamento teve pouco efeito na composição dos vinhos examinados”, conclui um relatório da The Australian Wine Research Institute (AWRI) que conduziu um experimento comprovando que não há diferença no vinho quando armazenado em pé ou deitado.
Essa é uma conclusão que produtores de Champagne e de Vinho do Porto já haviam chegado. As casas das duas clássicas regiões costumam indicar que o vinho deles envelhecido em pé tende a ter melhores avaliações.
Porém, antes de ir já deixando suas garrafas de qualquer maneira, um alerta. Todos esses estudos foram feitos com temperatura controlada de 20°C e umidade relativa do ar de 65%. E quando essas condições não foram respeitadas, o bom envelhecimento do vinho não ocorreu. “Isso indica que, se você não tiver esses fatores sob controle, manter vinhos em pé pode acelerar o envelhecimento”, diz o pesquisador e enólogo da AWRI, Matt Holdstock.
A conclusão então é: se for capaz de controlar temperatura e umidade, a garrafa pode ser envelhecida ao gosto do freguês, do contrário, deixe ela deitada que é garantia não só de um bom envelhecimento para o seu vinho, mas de preservar a qualidade mesmo das garrafas que vamos beber logo.
Afinal, quando o vinho fica de pé em locais muito secos ou com temperatura muito alta (condição fácil de encontrar Brasil afora, não é mesmo?) corre-se o risco da rolha ressecar e oxidar a bebida.