Conheça os tipos de recipientes de fermentação do vinho

Os recipientes de fermentação evoluíram do barro ao aço inoxidável, conheça o papel deles na produção de vinhos no mundo

Arnaldo Grizzo Publicado em 31/08/2023, às 15h00

- Saison d Or Mathieu Angla

Hoje, quando você visita uma vinícola de grande porte, logo percebe alguns detalhes. É quase certo que verá barricas de madeira e tanques de aço. É provável que esses tanques tenham tamanhos diferentes e até formatos distintos.

O mesmo vale para as barricas. É possível também que você se depare com tanques de concreto – com tamanhos e formas diversas – e, quem sabe, ânforas. Já parou para pensar o porquê de haver tantos recipientes diferentes?

Durante os séculos, a tecnologia da fermentação evoluiu e proporcionou uma gama de recipientes que dão aos enólogos a chance de avaliarem, para cada caso, a melhor forma de produzir um vinho.

Confira a seguir a evolução dos recipientes de fermentação e veja o que muda no vinho em cada um deles.

Ânforas de barro

Acredita-se que história da vinicultura remonte a 6 mil anos antes de Cristo, com seus primeiros resquícios encontrados na Armênia. Dentre esses restos arqueológicos estão pequenas ânforas e prensas de barro para uvas. As ânforas de argila foram os primeiros recipientes usados para fermentação. Os vinicultores ancestrais perceberam que, se deixassem o mosto de uvas em algum lugar, ele fermentava sozinho. Notaram também que, quanto menos contato com o ar, mais lentamente esse vinho estragava. Descobriram ainda que, soterradas, essas ânforas controlavam melhor a temperatura, evitando que a fermentação fosse além do ponto necessário e transformasse o vinho em vinagre.

Madeira

Acredita-se que a fermentação em recipientes de madeira seja quase tão antiga quanto a feita em ânforas. Assim que dominou o uso da madeira, especialmente do carvalho, os vinicultores passaram a criar diferentes recipientes com ela (diz-se que as primeiras barricas foram feitas por volta do ano 300 antes de Cristo). Logo, eles também perceberam que esses tanques de madeira davam ao vinho nuances diferentes, como aromas e sabores, além da textura. Além disso, some-se a facilidade do manuseio, tanto para criar grandes tanques (ditos foudres) quanto para pequenas barricas. Assim, a madeira se tornou o recipiente preferido não somente para fermentar o vinho, como também para transportá-lo e conservá-lo.

Concreto

Foto: G.Uféras

 

Uma espécie de concreto já era conhecida pelos romanos, mas o uso industrial do concreto como conhecemos hoje só ocorreu mesmo durante o século XIX. A facilidade de criar e moldar o recipiente de concreto fez com que ele assumisse um protagonismo na vinicultura. A porosidade do material, contudo, revelou-se um problema que acabou sendo solucionado com a aplicação de resina epóxi. Isso facilitou a higienização e manutenção. Uma sutil micro-oxigenação também pode ser observada nos vinhos fermentados em concreto. Hoje, os tanques têm sido produzidos em diversos formatos, incluindo ovais, para manter a suspensão das partículas graças ao fluxo interno do líquido e, assim, dar ao vinho nuances de textura singulares.

Aço inoxidável

O aço inoxidável foi originalmente “emprestado” da indústria de laticínios na década de 1960 e é provavelmente uma das maiores inovações na vinificação moderna. Acredita-se que o maior incentivador do uso de tanques de aço inoxidável tenha sido Robert Mondavi, que prontamente percebeu suas vantagens. Depois de anos de uso na América, eles se espalharam pela Europa, tornando-se o principal recipiente de fermentação. Atualmente, é quase impossível não ter ao menos um tanque de aço inoxidável em uma vinícola. Eles podem assumir diversas formas (cilíndricos, tronco-cônicos, ovais etc.) e tamanhos dependendo da necessidade dos enólogos.

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