Expectativas para o mercado de vinhos e espumantes em 2023

Conheça os fatores que devem influenciar o mercado e as expectativas para vinhos e espumantes para 2023

Por Felipe Galtaroça, Renato Camilotti e Christian Burgos, Ideal BI Publicado em 23/12/2022, às 12h00

- Divulgação

O crescimento do mercado de vinhos no Brasil durante a p andemia foi evidente, poderíamos abrir uma garrafa de vinho e passar algumas horas falando dos diversos motivos que provocaram esse movimento, porém, não há mal que dure para sempre e nem bem que nunca acabe, e a conta econômica da pandemia chegou.

Aumento de custo dos insumos secos, como garrafa e rótulo; da logística internacional pela escassez de containers; e até da energia das vinícolas europeias por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia; são alguns dos motivos dos aumentos dos preços dos vinhos no Brasil. Agrega-se a estes fatores a economia interna como a alta da inflação.

Em 2022, a Ideal Consultoria estima que o abastecimento do mercado brasileiro de vinhos e espumantes terá uma redução de aproximadamente 10% em volume em comparativo com 2021, totalizando 440 milhões de litros, onde 58% deste total são de vinhos de mesa.

Entre os vinhos finos brasileiros, produzidos com uvas vitis-viníferas somado aos importados a redução em 2022 deve chegar próximo dos 15% em comparativo com 2021.

Essa redução no volume comercializado pelas vinícolas brasileiras somado as importações está relacionado diretamente ao movimento do varejo de redução dos seus estoques, que além da diminuição da demanda, sofre com incidências das altas taxas juros afetando o custo de manter estoques e portanto a rentabilidade.

Já o mercado de espumante continua aquecido. A chegada das festividades de final de ano e o verão tem provocado aumento da procura por esta categoria, os produtores brasileiros devem fechar o ano próximo dos 14% de crescimento e os importados dos 20%. Além da volta das festas e eventos pós-p andemia, as borbulhas estão fazendo sucesso nos bares e restaurantes, além de terem se tornado a queridinhas dos influenciadores digitais.

Listamos 7 fatores que devem influenciar o mercado no próximo ano.

  1. Redução das importações diretas dos supermercados

    Neste ano as importações pelos supermercados direto com o produtor estrangeiro perdeu força, números da Ideal indicam uma redução de aproximadamente 20% neste tipo de operação. A necessidade de investimento de forma antecipada para pagamento dos produtores, transporte e impostos afetou a rentabilidade devido as altas taxas de juros que incidem diretamente sobre o retorno sobre o investimento, que era o principal motivo dessa operação com a verticalização da cadeia distributiva. Quanto mais caro o vinho e menor o giro, maior o investimento necessário, sendo assim, o varejo deve buscar nos importadores distribuidores esse perfil de produto, negociando maiores prazos de pagamento.
  2. Aumentos de preço ou redução de margens

    Com os aumentos de custo no exterior, transporte e financeiro, o vinho pode chegar mais caro ao consumidor final ou provocar ainda mais redução de margem nos elos da cadeia distributiva. A preocupação está em quanto avaliar se o consumidor final estará disposto a pagar mais ou se teremos um downgrade de preço/qualidade no produto consumido no Brasil.
  3. Vinhos chilenos devem ganhar share no Brasil

    Os aumentos de custos seco impactou os produtores em todo o mundo, porém, os aumentos no custo da energia e no transporte internacional prejudicou ainda mais as importações europeias que ainda se diferenciam pelo Imposto de Importação (I.I) que não atinge os importadores sul-americanos. Na Argentina os impactos climáticos na última safra também podem encarecer seus vinhos, deixando o Chile em uma posição mais favorecida diante ao cenário dos seus principais concorrentes. Com esse movimento Chile deve ganhar participação no mercado brasileiro em 2023.
  4. Multicanalidade
    A diversificação pode ser a palavra chave em 2023, ainda mais entre os canais de distribuição dos importadores de vinho no Brasil. Retomada no On-trade, verticalização no atendimento direto do consumidor final por lojas, telemarketing, whatsapp, e-commerce, liveshop, além dos diversos caminhos do off-trade, devem estar no planejamento de quem quer ganhar mercado no próximo ano.
  5. DIFAL para todos:
    A cobrança do DIFAL-ICMS (Diferencial de Alíquota de ICMS) nas operações interestaduais com consumidor final promete impactar o mercado de vinhos de formas significativas em 2023. Algumas empresas haviam questionado na justiça o recolhimento da DIFAL em vendas interestaduais diretas ao consumidor e conquistado uma vantagem competitiva relevante. Até o momento, a partir de janeiro de 2023, (exceto as empresas do Simples Nacional com faturamento de até R$ 3,6 milhões/ano), as empresas vendedoras de vinhos terão que incorporar o pagamento do DIFAL também em suas vendas interestaduais ao consumidor final. As empresas, que perdem esta vantagem competitiva receberão um impacto médio da ordem 20% sobre seu preço de venda. 
  6. Gestão financeira
    Nos anos de juros baixos fomos inundados com capital disponível na forma de investimento direto ou de acesso a crédito. Este ano já marcou um deja vu para quem viveu períodos inflacionários e de juros altos que aumentam consideravelmente a rentabilidade e a saúde financeira como elementos cruciais na escala estratégica das empresas.
  7. Menos players
    Players de mercado que não atingiram sua sustentabilidade econômica devem rever sua atuação, sair do mercado ou buscar fusões para se viabilizar sem novos investimentos. E novos players devem deixar de surgir com tanta profusão. Apenas projetos novos que já estejam em estágio avançado de desenvolvimento devem ser lançados neste ano
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