Marqués de Riscal: A histórica vinícola que revolucionou Rioja

A bodega Herderos de Marqués de Riscal, em Rioja, foi projetada pelo mesmo arquiteto do museu Guggenhein Bilbao

Redação Publicado em 13/08/2021, às 15h00 - Atualizado em 19/03/2025, às 06h35

A futurista bodega Herderos de Marqués de Riscal

 

Cores, formas, dimensões e texturas se misturam numa explosão visual hipnotizante. A ousadia é tamanha que a comunidade que abriga a vinícola, conhecida como Ciudad del Vino, ganhou status de ponto turístico. O complexo marcou e mudou a maneira de se entender o mundo do vinho.

A vinícola Marqués de Riscal é uma das mais antigas de Rioja. Seu fundador, Dom Camilo de Hurtado de Amézaga, Marquês de Riscal e Alegre – um diplomata e livre-pensador – recebeu, em 1858, o encargo de procurar um enólogo francês que pudesse ensinar aos riojanos a elaboração de vinhos segundo os métodos de Médoc.

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Como fundou sua bodega nesse período, o marquês, assim como os demais vinicultores de Rioja, passou por dificuldades devido ao alto preço que os vinhos produzidos alcançavam. Mas, diferentemente de todos os outros, Dom Camilo não desistiu do projeto e edificou uma nova vinícola, fiel aos modelos de Médoc, Graves e Saint-Émilion.

Dessa maneira, a Herederos de Marqués de Riscal iniciou suas atividades sendo uma das primeiras de Rioja a elaborar vinhos segundo os métodos bordaleses e, já em 1972, mostrou sua força ao impulsionar a criação da DO – Denominação de Origem – Rueda.

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Ao longo dos mais de 160 anos em que está em atividade, a Marqués de Riscal nunca parou de investir em seu crescimento e em atrativos para a região. A vinícola, que, em 1860, era composta apenas do prédio original, hoje conhecido como a “bodega antiga”, foi ampliada quatro vezes, com as vinícolas El Palomar, La Vaca, Foso e San Vicente.

A vinícola foi fundada em 1858

 

Hoje, ela conta com 1.300 hectares de plantação 100% orgânica. Uma parte importante da vinícola é chamada de “A Catedral”, um espaço da vinícola original usado para armazenar os tesouros que a Marqués de Riscal guardou ao longo de seus mais de 160 anos.

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As garrafas de todas as safras da história da bodega, desde 1862, incluindo rótulos pré-filoxera, como a lendária safra de 1895, são guardadas como verdadeiras joias. O ambiente está protegido de variações de temperatura, tem uma umidade natural e é capaz de gerar uma “ilha biológica”, em que os insetos que se abrigam ali protegem os vinhos de outras espécies daninhas. O museu toma muito cuidado para não perturbar o equilíbrio natural existente.

Ciudad del Vino

Ciudad del Vino é o nome do complexo em que estão a vinícola Herederos de Marqués de Riscal e o hotel Marqués de Riscal.

O projeto, inaugurado em 2006, começou a ser pensado durante a passagem do milênio. Para escolher o arquiteto que guiaria tudo isso, ninguém menos que Frank O. Gehry, pai do Walt Disney Concert Hall e do Museu Guggenheim Bilbao, que conseguiu transformar o complexo na obra mais vanguardista já realizada por uma vinícola espanhola.

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O novo projeto foi inaugurado em 2006

 

Tudo chama atenção. A fachada, a entrada, o interior, os detalhes, a iluminação, o clima, o vinho...

Assim como em outros trabalhos de Gehry, o hotel Marqués de Riscal tem um toque bastante futurista: o design arrojado, cheio de curvas e muito metal – neste caso, o titânio recobre a estrutura. Aqui, as cores aparecem simbolizando o vinho. O rosa representa o vinho tinto, o dourado faz lembrar a tradicional rede que envolve as garrafas de vinhos Reserva e Gran Reserva, e a prata faz menção à cápsula da garrafa.

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Assim como a arquitetura, os números do complexo também impressionam. Foram gastos cerca de 70 milhões de euros na construção da Ciudad del Vino, que, ao todo, soma 100 mil metros quadrados.

A Ciudad del Vino ainda conta com um hotel

 

Durante seu primeiro ano de funcionamento, a Rioja Alavesa viu o número de visitantes subir 68%, segundo o Departamento de Turismo. Na inauguração do hotel, em outubro de 2006, estiveram presentes figuras espanholas tradicionalíssimas, como, por exemplo, o rei Juan Carlos.

Astronave

Em meio ao verde da natureza pura, o hotel Marqués de Riscal parece ser um objeto vindo de outra dimensão, que acabou de pousar na Terra. A oposição entre a modernidade do prédio e o cenário histórico de Rioja deixa os visitantes maravilhados.

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No complexo que abriga o hotel, além dos 43 quartos, é possível desfrutar de um spa de vinoterapia que, como o nome já diz, oferece tratamentos de beleza e relaxamento à base de uvas e vinhos; um restaurante exclusivo e um centro de convenções, conferências e banquetes, localizado na Bodega San Vicente.

O cenário histório de Rioja é contraposto com a modernidade da vinícola

 

O espaço, de 1.200 metros quadrados, oferece um auditório com capacidade para 100 congressistas, uma sala de reuniões e vários espaços multifuncionais, capazes de abrigar desde encontros informais até coquetéis e eventos sociais.

Por meio das áreas externas e dos vidros – muito utilizados em todo o projeto –, é possível ter a visão dos vinhedos ou de vilarejos próximos, além de os visitantes serem agraciados pela vista da Igreja de San Andrés, que data do século XVI e é um dos principais atrativos do município de Elciego.

Assim, a Ciudad del Vino tem tudo para ser considerada um château espanhol do século XXI.

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