Château Tour du Haut-Moulin, em Bordeaux, foi adquirido por dois produtores de vinho de Israel
Sílvia Mascella Publicado em 04/04/2024, às 08h00
Alguns sonhos realmente viram realidade, e aquele de ter uma vinícola em Bordeaux acabou de se concretizar para os israelenses Golan Flam e Eran Pick, depois de cinco anos de buscas por uma propriedade na margem esquerda do Médoc.
O Château Tour du Haut-Moulin, comprado pela dupla, existe desde 1870, na margem do Gironde, entre Margaux e St Julien e a família que foi a proprietária por seis gerações (Lionel e Carol Poitou) permanece nas terras e segue cuidando da viticultura para os novos proprietários, que vão se dividir entre Tel Aviv e Bordeaux.
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Golan Flan e seu irmão Gilad Flam são proprietários da Flam Winery (fundada em 1998), enquanto Earn Pick (primeiro Master of Wine de Israel) é o diretor técnico da Tzora Vineyards, ambas são vinícolas boutique na região das Colinas da Judéia em Israel, que têm feito vinhos diferenciados numa região de clima mediterrâneo refrescado pela altitude e beneficiado pelo solo calcário.
Os vinhateiros demoraram para encontrar a propriedade ideal em Bordeaux, pois algumas eram pequenas ou grandes demais,enquanto outras não tinham o terroir com o qual os compradores queriam trabalhar: "Queremos aprender com Bordeaux e também trazer nosso conhecimento de trabalho em uma zona mais seca e quente", explica o enólogo Golan Flam, em referência ao fato de que produtores de Bordeaux já buscaram a expertise e as novas tecnologias de manejamento de vinhedos num país pioneiro em técnicas modernas de irrigação como Israel.
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Bordeaux é, também, uma área conhecida para Earn Pick, formado em Viticultura e Enologia na Universidade Davis, na Califórnia e com treinamento em vários terroirs distintos, como Napa (EUA), Barossa (Austrália) e Bordeaux (França), antes mesmo de obter seu título de Master of Wine em 2016. Na vinícola onde atua desde 2006 ele trabalha com a consultoria de Jean-Claude Berrouet, do Château Pétrus, enquanto no novo empreendimento ele e o sócio contarão com a experitse do enólogo Dan Sheinman, israelense treinado na Borgonha e do consultor bordalês Vincent Dupuch.
Os novos donos irão se dividir entre Tel Aviv e Paris, uma vez que as colheitas serão praticamente uma na sequência da outra, de setembro em diante, sendo que a primeira sob nova direção já ocorrerá neste ano de 2024. "São tempos de mudanças, e não podemos cuidar dos vinhedos como as gerações mais antigas fizeram. É muito excitante ir trabalhar em Bordeaux e fazer essa troca de conhecimento. O potencial do Médoc é imenso e esse Château não atingiu o potencial que pode ter com os vinhedos de alta qualidade que possui. Eu acho que temos a chance de fazer vinhos realmente grandes", afirmou Golan Flan.