A região de Chablis apresenta quatro classificações com características diferentes, mas sempre a base de Chardonnay
Redação Publicado em 08/03/2019, às 13h00 - Atualizado em 11/03/2019, às 16h22
A denominação Chablis compreende quatro classificações, as quais apresentam características distintas entre si, refletindo a importância das diferenças de solo e de cada encosta da região, ainda que a uva-base seja sempre a Chardonnay.
No nível mais alto estão os sete vinhedos Grand Cru. Ocupando uma área total de 100 hectares, estão situados em uma das encostas ao norte da cidade de Chablis, com face sudoeste. São eles: Les Clos, Vaudésir, Valmur, Les Preuses, Bougros, Blanchot e Grenouilles. Juntos, eles são responsáveis por aproximadamente 3% da produção anual de Chablis.
Cada um dos vinhedos Grand Cru, além disso, é conhecido por características únicas de terroir, refletidas em seus vinhos. Les Clos tende a apresentar os Chablis mais ricos e complexos, com mineralidade pronunciada. Vaudésir, por sua vez, normalmente produz vinhos com sabor intenso e notas de especiarias. Os vinhos de Valmur são conhecidos por sua textura suave e seu nariz aromático. Les Preuses, por ser o vinhedo que recebe maior incidência de raios solares, tende a ter os vinhos de maior corpo. Bougros é o vinhedo menos expressivo, mas ainda assim produz brancos de sabores vibrantes de frutas. Por fim, enquanto os vinhos de Blanchot são mais delicados, com aromas florais, os de Grenouilles são muito aromáticos, elegantes e atrevidos.
Nas palavras da crítica de vinhos Jancis Robinson, nessa classificação há uma anomalia. O fato é que a pequenina área de La Moutonne, que se situa em uma colina entre os vinhedos de Vaudésir e Preuses, "por razões ilógicas e meramente burocráticas" não conta com status de Grand Cru, apesar de seus vinhos apresentarem toda qualificação para ostentá-la. Na verdade, La Moutonne é considerado um "Grand Cru não oficial", uma vez que o INAO não o reconhece como tal.
Em março do ano 2000, foi oficialmente formada a L'Union des Grand Crus de Chablis (UGCC), ou União dos Grand Crus de Chablis. Todos os membros do grupo, restrito aos produtores de Grand Cru, são obrigados a obedecer a um documento que cobre todos os aspectos da produção do vinho, assim como de suas vendas. Além disso, eles devem submeter seus vinhos a um comitê de degustações (conduzidas às cegas), formado por outros membros da UGCC, a fim de garantir que seu produto tem qualidade necessária para ser lançado no mercado.
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Classificados em segundo lugar em termos de qualidade estão os vinhedos Premier Cru. Na virada do século XXI, somavam ao todo 40 vinhedos, os quais cobrem uma área de 750 hectares. Dentre os nomes mais conhecidos estão Montée de Tonnerre, Vaillons e Fourchaume. Se comparados aos Chablis básicos, os Chablis Premier Cru normalmente apresentam fruta mais madura - com toques cítricos ao invés de ameixas ou maçãs-verdes - mais corpo e, provavelmente, uma textura mais suave e cremosa, além de maior concentração e de acidez, e aromas mais minerais.
Um dos segredos de Chablis está no solo, com rochas sobre as quais há uma camada de argila rica em fósseis marinhos
Embora haja 40 vinhedos Premier Cru, os nomes de muitos deles não aparecem nos rótulos dos vinhos. Isso porque o INAO permite a utilização do que usualmente se chama "umbrella names", ou seja, vinhedos menores e menos conhecidos podem usar o nome de vinhedos Premier Cru próximos mais famosos. Em linhas gerais, 17 são os vinhedos "umbrella" (vide box ao lado e acima mapa com localização assinalada), os demais acabam normalmente sendo lançados ao mercado sob esses mesmos nomes.
VINHEDO PREMIER CRU -"UMBRELLA" | VINHEDOS PREMIER CRU ASSOCIADOS | |
Mont de Milieu | - | |
Montée de Tonnerre | Chapelot, Pied d'Aloue, Côte de Bréchain | |
Fourchaume | Vaupulent, Côte de Fontenay, L'Homme Mort, Vaulorent | |
Vaillons | Châtains, Séchet, Beugnons, Les Lys, Mélinots, Roncières, Les Epinottes | |
Montmains | Forêt, Butteaux | |
Côte de Léchet | - | |
Beauroy | Troesme, Côte de Savant | |
Vauligneau | - | |
Vaudevey | Vaux Ragons | |
Vaucopin | - | |
Vosgros | Vaugiraut | |
Les Fourneaux | Morein, Côte de Prés Girots | |
Côte de Vaubarousse | - | |
Berdiot | - | |
Chaume de Talvat | - | |
Côte de Jouan | - | |
Les Bearegards | Côte de Cuissy |
Seguindo a ordem de qualidade, após os Premier Cru estão os Chablis AOC, cuja área de produção totaliza 2.860 hectares, a mais extensa da região e também a que apresenta a maior variação entre seus produtores e qualidade de safras.
Os Chablis AOC podem ser bastante austeros, com toques de frutas brancas verdes e acidez alta. Os melhores rótulos mostram um toque mineral defumado e calcário, característico dos vinhos Premier Cru e Grand Cru.
A última classificação da denominação Chablis são os Petit Chablis, que inclui as áreas mais periféricas da região. Até 2004, de um total de 1.800 hectares permitidos na denominação Petit Chablis, 560 estavam cultivados. Os Petit Chablis são os brancos mais simples produzidos na região.