Conheça a origem da terapia do quinado e a origem dos vinhos com infusão de quinina
Arnaldo Grizzo Publicado em 27/07/2023, às 12h00
Talvez você já tenha ouvido falar dos vinhos “quinados”. Quem sabe já viu algum Vinho do Porto com esse termo. Ou ainda um Barolo que ostente o nome Chinato. Já provou algum? Se sim, provavelmente percebeu que não são vinhos comuns. E não seriam mesmo, pois são feitos com a maceração e infusão de ervas, em especial a quinina.
Segundo o historiador Joaquim Guimarães, o vinho quinado – vinho licoroso ao qual se adiciona uma pequena quantidade de quinina, substância extraída da casca seca da árvore amazônica Cinchona officinalis, ou quineiras ou quinquinas – já era usado na América Latina antes mesmo do descobrimento. Os índios logo perceberam que a quinina poderia ser usada no tratamento da malária, doença que se acredita ter sido trazida pelos colonizadores europeus.
Assim, a quinina ganhou fama e era consumida especialmente pelos ingleses, mesmo os que não apresentavam sinais de malária. “O hábito inglês de tomar quinina como precaução profilática contra a malária acabou se desenvolvendo na gim tônica – o gim era considerado necessário para tornar palatável a amargosa quinina”, apontam Penny Le Couteur e Jay Burreson no livro “Os Botões de Napoleão – As 17 Moléculas que Mudaram a História”. Contudo, não foi somente no gim que a quinina passou a ser misturada.
Dessa forma, produtores de Vinho do Porto passaram a produzir Quinados, misturando quinina e outras ervas na bebida. Casas como Poças, por exemplo, voltaram a produzir o Quinado recentemente como forma de resgatar sua história centenária. Ramos Pinto e Ferreirinha são outras que mantém a “tradição” até hoje. Outro clássico “quinado” foi criado em Barolo e também continua sendo produzido.
Diz-se que o Barolo Chinato foi criado no fim do século XIX por Giovanni Cappellano, um farmacêutico cuja família possuía vinhedos em Serralunga d’Alba. Além da casca da Cinchona officinalis, o vinho – ao melhor estilo vermute – costuma receber ainda raiz de genciana, camomila, cardamomo, cravo, entre outras especiarias.
Cada produtor geralmente tem sua receita própria.
Nomes como Cappellano e Cocchi são os mais famosos desse estilo embora muitas casas como Barale, Ceretto, Cordero di Montezemolo, Marchesi di Barolo, Pio Cesare, Vajra etc., também produzam.