Pesquisas iniciais nas vinhas que passaram 14 meses em órbita junto com garrafas de Petrus 2000, sugerem resultados promissores e há planos até para uma “colheita espacial” em 2023
André De Fraia Publicado em 20/06/2022, às 09h00
As 320 videiras que passaram 14 meses no espaço junto com garrafas do famoso Petrus, safra 2000, estão passando por testes e mais testes desde retornaram da Estação Espacial Internacional. E os resultados são surpreendentes.
"As primeiras indicações do nosso trabalho são extremamente promissoras", disse Nicolas Gaume, cofundador e CEO da Space Cargo Unlimited, empresa por trás do projeto. "As primeiras 'uvas espaciais' agora são visíveis nos parreirais apenas alguns meses após a fase de replantio que ocorreu em fevereiro de 2022", completou Gaume.
Segundo a empresa, ainda é cedo para afirmar, mas os resultados preliminares da pesquisa sugerem que as “vinhas espaciais” podem mostrar maior resistência ao míldio e à praga da filoxera, bem como apresentam mudanças na quantidade de polifenóis.
O Dr. Michael Lebert, diretor científico do grupo, acrescentou: “Estamos entusiasmados com a possibilidade que o espaço nos proporcionou para desenvolver novas variedades de vinho orgânico que são mais resistentes às mudanças climáticas. Mais trabalho ainda é necessário, mas estamos muito animados com as perspectivas, especialmente com nossa próxima primeira colheita de uvas espaciais para produzir vinho”.
Embora algumas uvas possam ser colhidas em 2022, a primeira “colheita espacial”, como vem sendo chamada a vindima dessas parreiras, está prevista para 2023, seguida de uma “microvinificação” para criar vinhos de teste para pesquisa.
A análise do vinho também continua, depois de uma degustação que apontou diferenças entre o “Petrus espacial” e garrafas da mesma safra que ficaram na terra, a empresa afirmou que há evidências de alterações químicas importantes no vinho que estagiou na Estação Espacial Internacional. Mais testes serão feitos para determinar os efeitos da microgravidade também no vinho.