Vinhas velhas ainda produzem bons vinhos? Entenda o equilíbrio entre tradição e rendimento

O que acontece com plantas que sobrevivem às intempéries por décadas, chegando a mais de 100 anos de existência em alguns casos

Por Maria Bolognese Publicado em 06/03/2017, às 21h14 - Atualizado em 21/10/2025, às 08h30

O envelhecimento das videiras traz transformações significativas na estrutura e produtividade dos vinhedos
 
Com o envelhecimento da videira, percebe-se um sistema de raízes e de estrutura do tronco e cordões cada vez mais complexo. Como os anéis em uma árvore, novas camadas de crescimento resultam em vinhas mais sólidas, retorcidas e nodosas.
 
Mesmo com uma aparência mais robusta, elas efetivamente geram melhores frutos? As vinhas de Shiraz, plantadas durante a década de 1860, em alguns vinhedos australianos, são um exemplo de videiras pré-filoxera que continuam a produzir frutos intensos, saborosos e equilibrados. Com um sistema de raízes expansivo e madeira substancial, estas vinhas, que se adaptaram ao ambiente por um longo tempo, são em certa medida mais resistentes à seca e condições climáticas extremas.

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No entanto, à medida que as vinhas envelhecem, ficam mais propensas a doenças e danos, e a sobrevivência de vinhas velhas revela-se frágil, apesar dos esforços para prolongar a sua vida.

Práticas biodinâmicas e mulching (aplicação de filme plástico na superfície do solo para criar uma barreira física à transferência de calor e vapor de água entre solo e atmosfera) foram introduzidas em algumas propriedades, parcialmente em resposta à perda de vigor das vinhas mais antigas.

Nem sempre as vinhas mais antigas produzem as melhores uvas

Manter velhas vinhas na produção comercial nem sempre faz sentido econômico. Há um ponto em que o manejo da videira torna-se excessivamente caro, algumas vezes, em igual proporção aos lucros, levando a produção ao “zero a zero”.

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A taxa de declínio depende de muitos fatores, incluindo variedade de uva, porta-enxerto, susceptibilidade à doença, práticas do vinhedo e fatores ambientais. Em Bordeaux, as videiras maduras são frequentemente substituídas após 35 anos - considerado por muitos como a vida comercial de uma videira e equivalente a uma geração humana.

As vinhas velhas não produzem necessariamente a melhor fruta. Uma videira comparativamente jovem, porém, madura (entre 10 e 30 anos) plantada em um local adequado e bem gerido, pode produzir frutas muito requintadas como testemunhado em alguns dos mais famosos terroirs ao redor do mundo.

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