Em busca do gigante mercado chinês, a AM Vineyards mudou seu vinho para poder agradar o gosto asiático
Silvia Mascella Rosa Publicado em 30/03/2022, às 16h00
Em toda guerra existem espólios e isso também acontece nas guerras comerciais. A mais recente do mundo do vinho envolveu a Austrália e a China.
A Austrália teve os impostos sobre seus vinhos aumentado em 218% e perdeu 90% de suas exportações, deixando na mesa uma fatia importante do imenso mercado chinês.
É verdade que as importações de vinho pela China em 2021 foram as mais baixas já registradas, mas ainda assim, por conta de sua enorme população, o país tem 50 milhões de bebedores de vinho! Quem correu para cobrir o vazio deixado pela Austrália? A África do Sul, que estava com excesso de vinho estocado (400 milhões de garrafas) por conta da Pandemia e de proibições de venda e exportação. Felizmente para o país, a alta tarifa imposta à Austrália não se aplica a eles. Isso fez com que as exportações para a China aumentassem 193% em volume e 125% em valor, em 2021, transformando a África do Sul no 8o maior exportador de vinhos, segundo a Associação Chinesa de Exportação e Importação de bebidas.
No entanto, atender a um país tão extenso e diverso como a China, que os grandes players do mercado (como França e Chile) já conhecem e dominam bem, não é fácil. Mas um produtor, que já exportava carne para o país, está familiarizado com a cultura e os costumes do país, e criou um espaço para seus vinhos. Matthew Karan, proprietário da AM Vineyards, que possui vinhedos na região do Cape Winelands, explica que mesmo que os chineses ainda sejam relativamente novos no consumo de vinho, eles já sabem o que querem beber. "Por exemplo, nós sabemos de nossa experiência com a exportação de carne, que eles têm preferência por carnes vermelhas nobres, assim criamos vinhos para eles especificamente para essas combinações".
A vinícola lançou dois vinhos no estilo de Bordeaux, um deles com o corte de Cabernet Sauvignon, Merlot, Shiraz e Tannat, encorpado e frutado e um corte de Pinotage e Cinsault, de corpo médio e um pouco mais fresco. Não há vinhos brancos, pois eles acreditam que os vinhos tintos estão associados à cor vermelha, que na China significa boa fortuna e felicidade.
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