Informação é do VIA-Group LLC – Wine and Spirits Ukraine que organiza a maior feira do setor no país
Redação Publicado em 21/03/2022, às 09h00 - Atualizado às 10h00
Em uma entrevista ao portal Wine Business, a CEO do VIA-Group LLC – Wine and Spirits Ukraine, Victoria Agromakova, deu um depoimento afirmando que os viticultores da Ucrânia estão unidos para defender o país.
“Não conheço ninguém que não esteja participado da luta contra a Rússia”, afirma Agromakova. “Além disso, não conheço ninguém que trabalhe em [uma] vinícola no momento, porque agora em tempo de guerra há necessidades completamente diferentes. Agora os produtores de vinho estão engarrafando não vinho, mas gasolina para coquetéis Molotov para proteger suas terras das tropas russas.”
A VIA-Group LLC – Wine and Spirits Ukraine é a organizadora da maior feira do setor na Europa oriental e responsável por cuidar da promoção dos produtos ucranianos no exterior, bem como da integração de produtos internacionais na economia ucraniana. Porém em tempos de guerra Agromakova diz que “os únicos bens que estamos recebendo agora são remédios, máquinas militares, munições e alimentos. Além disso, a venda de álcool na Ucrânia agora é proibida em todas as regiões a qualquer momento. Precisamos de uma mente sóbria para proteger nossa liberdade!”
Diversos viticultores dizem estar produzindo o que eles chamam de “vinho protetor”. Oksana Buyachok, proprietária da vinícola Fathers Wine, localizada no oeste da Ucrânia diz que “por enquanto já fizemos 2.500 coquetéis Molotov”.
Além disso, a vinícola costura travesseiros e cobertores, fabrica ouriços e serpentinas de metal – barreiras utilizadas no bloqueio de ruas –, coleta ajuda humanitária para refugiados e prepara comida para os soldados ucranianos. “Estamos fazendo e faremos tudo o que for necessário para conquistar nosso país!” diz Buyachok.
Svetlana Tsybak da Associação de Enólogos Artesanais da Ucrânia, organiza e entrega ajuda humanitária às cidades mais atingidas. Em Barcelona, Eugene Sheyderis, o proprietário da vinícola Beykush Winery, no sul da Ucrânia, coordena a ajuda humanitária e a entrega de mercadorias e medicamentos para seu país natal.
O mundo do vinho fora da Ucrânia também tenta ajudar como pode, o grupo Primum Familiae Vini (PFV) doou mais de US$ 28.000 à Cruz Vermelha e nos Estados Unidos leilões estão sendo anunciados com todo o valor revertido para grupos que buscam ajudar os refugiados da guerra.
Na vizinha Moldávia os produtores estão preocupados. “Acabamos de começar a ter uma boa concorrência no mercado internacional com outros grandes países produtores de vinho”, diz Livia Sincumami, da vinícola Cricova localizada em Chisinau, capital do país.
Os vinhos da Moldávia não são tão conhecidos por aqui, porém a bebida é o terceiro produto mais exportado do país que possui dois significativos recordes vínicos: é o que tem a maior densidade de vinhas do mundo, as uvas cobrem 3,8% do país e ainda abriga a maior adega do mundo com mais de 200 quilômetros!
Porém, agora com a guerra o mercado viticultor teme perder seus ganhos duramente conquistados nos últimos anos. Primeiro que seus parceiros comerciais de maior relevância são a Ucrânia, a Rússia e Belarus, três países envolvidos na guerra, além de China, Turquia e países africanos. E segundo é que o porto que as vinícolas utilizam para exportar seus produtos é o de Odessa na Ucrânia que está inoperante devido à invasão russa.
O turismo local também está bastante ligado à bebida. “Grande parte do nosso volume de negócios é o enoturismo. A área já foi fortemente afetada pela pandemia nos últimos dois anos e agora, com a guerra no nosso limiar, temos certeza de que essa parte do nosso negócio não vai prosperar”, diz Andrian Digolean, diretor comercial do Château Vartely, vinícola famosa por seus Cabernet Sauvignon e Chardonnay. “Recebemos muitos turistas vindos da Ucrânia e da Rússia. Ainda assim, os turistas da UE (não) ficarão felizes em ver a Moldávia em sua condição atual.”
As principais vinícolas da Moldávia dizem que esperam uma solução rápida ao conflito e ainda que o comércio e o turismo possam ser retomados o mais rápido possível, porém até lá dizem que vão continuar a apoiar a Ucrânia até o fim desta guerra, classificada por eles como “injusta e desnecessária”.
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