Buenos Aires e Mendonza

por Redação

fotos: Fabian Minetti, Cristina Romano, Valeria Obregon e Luís Rock/Stock.Xchng

1. Escultura de Rodin em frente ao Congresso argentino, Praça Moreno.
2. Figura típica do El Caminito saúda os visitantes.
3. Antigas construções marcam o estilo de Santelmo.
4. Vista noturna de Puerto Madero.

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Buenos Aires é a mais européia das cidades da América Latina, com seus boulevards, praças, museus, teatros e edifícios históricos. A colonização espanhola e forte imigração italiana no século XIX se fazem sentir em vários aspectos da vida dos portenhos, como são denominados os moradores de Buenos Aires.

A cidade foi fundada como Nuestra Señora de Santa Maria del Buen Aires pelo espanhol Pedro de Mendoza, em 1536, em homenagem ao santo patrono dos marinheiros responsável por bons ventos. Após a última grave crise econômica, a vida dos portenhos tem voltado a seu antigo brilho que pode ser percebido nos bons restaurantes, bares e cafés ao cair da noite e fins-desemana.

O câmbio, mais desvalorizado que a moeda brasileira, faz com que a cidade esteja repleta de boas oportunidades de compras e entretenimento para visitantes do Brasil. Chegamos do Brasil no aeroporto de Ezeiza e o embarque para Mendoza é feito no aeroporto Jorge Newberry. Na ida ou na volta vale a pena passar um ou mais dias em Buenos Aires, aproveitando para compras e para conhecer a cidade e seus principais pontos turísticos, e aproveitar a vivaz noite local com seus restaurantes, bares, teatros e bacarats.

Durante o dia, a visita a várias partes da cidade pode ser feita com boas e agradáveis caminhadas utilizando um mapa simples da cidade. Se unir a grupos de atrações e fazer um passeio na Praça de Maio - lá se encontram algumas belas atrações como a Casa Rosada e o Cabildo, seguido de um passeio até Santelmo onde a famosa feira de antigüidades e exibições de tango acontece todos os domingos e pode ser seguida de deliciosos pastéis nas sacadas dos restaurantes em volta da praça.

Um ponto ideal para terminar o dia é Puerto Madero, que, anos atrás, resumia-se a uma área portuária feia e pessimamente freqüentada e hoje é como a Brodway em Nova Iorque - exemplos mundiais de reurbanização. Puerto Madeiro agrega diversas opções de bons cafés e restaurantes, a bela Ponte das Mulheres e o badalado Hotel Faena, um projeto do mundialmente famosos arquiteto Philippe Starck. Belos condomínios comercias, o Yatch Clube e a uma casa noturna completam o cenário.

Vale ainda a pena conhecer a Recoleta e seu famoso cemitério, um dos mais famosos do mundo onde encontra-se o túmulo sem identificação com os restos mortais de Evita Perón e de boa parte dos grandes personagens da história Argentina, e onde podemos evidenciar a fascinação (incompreensível aos brasileiros) dos argentinos por seus mais ilustres 'defuntos'. Para compras, vale visitar as Galerías Pacífico - um edifício centenário no centro da cidade que foi restaurado onde antes funcionava uma galeria de arte, cujas paredes exibem verdadeiras obras-primas e lojas de nível internacional - e a Calle Florida, uma rua só para pedestres com boas lojas para artigos de couro e pele.

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O coração do vinho argentino
Por Marcelo Copello

Fundada em 1561 pelo capitão espanhol Pedro Del Castillo, Mendoza é o coração do vinho argentino. Localizada a 1,1 mil km a oeste de Buenos Aires, Mendoza é a capital da província homônima, responsável por 70% da produção da bebida no país e origem da quase totalidade dos rótulos de alta qualidade. Em recente viagem ao deserto mendocino, visitei um importante produtor local, a Bodegas Nieto Senetiner.

A paisagem é belíssima, um imenso deserto, plano e árido, emoldurado ao fundo pelas neves eternas da Cordilheira dos Andes. Mendoza abriga mais de 700 vinícolas, que plantam 144 mil hectares de vinhedos. Boa parte dessas empresas já aderiu ao enoturismo, equipando suas sedes com restaurantes, pousadas e lojas, onde vendem vinhos e outros produtos que levam suas marcas. O clima de Mendoza é continental muito seco com sol brilhando insistentemente 320 dias por ano.

A temperatura média anual é de 14ºC, com amplitude térmica ultrapassando os 20ºC de diferença entre o dia e a noite. Os solos são pobres, de areia e pedras e a altitude também é uma influência marcante, entre 460 a 1,7 mil metros acima do nível do mar. Esse conjunto de fatores permite um excelente amadurecimento das uvas. A região centro-norte da província, próxima à capital, é a mais antiga e abriga a maior parte das vinícolas (cerca de 360). Muitas empresas tradicionais têm sede aqui, como é o caso da Bodegas Nieto Senetiner, fundada em 1888 em Lujan de Cuyo-Mendoza.

A empresa possui 300 hectares próprios e também compra uma grande quantidade de uvas de terceiros, produzindo assim cerca de 10 milhões de litros de vinho ao ano. Seus rótulos se dividem em seis linhas: Santa Isabel (abaixo de R$ 15), Benjamin Nieto (cerca de R$ 15), Nieto Senetiner Reserva (R$ 30), Don Nicanor (entre R$ 50 e R$ 60), Cadus (R$ 140). Todo este portfolio está presente no Brasil pelas mãos das importadoras Casa Flora e Porto a Porto. A equipe técnica da casa, comanda pelo enólogo Roberto Gonzáles e pelo gerente agrícola Tomas Hughes, tem a vantagem de trabalhar junta há 16 anos no mesmo terroir, coisa rara no Novo Mundo.

As técnicas utilizadas na elaboração dos vinhos são um misto de tradição e modernidade, aliando piletas de cimento revestidas de epóxi (como muitos Bordeauxs) com fermentação a frio, concentração de mosto através e sangria e microoxigenação. Muitas variedades de uvas estão sendo testadas (a maioria de origem italiana) e pode-se esperar no futuro vinhos das castas Aglianico, Nero D'Avola e Montepulciano, por exemplo.

Dos diversos vinhos provados na visita, o destaque foi o Cadus Malbec 2002, um 'malbecão' moderno, de estilo super concentrado, mostrando aromas de ameixas maduras, especiarias doces, violetas, tostados em profusão. O paladar é encorpado e macio, com taninos doces, e final longo. Na faixa intermediária há vinhos de ótimo custo benefício, como é o caso do Don Nicanor Blend 2004.

Este corte de Malbec, Merlot e Cabernet Sauvignon, ainda está um pouco fechado no nariz, mas mostra nos aromas madeira, junto com especiarias, menta, ameixas, amoras e chocolate. Seu paladar é de bom corpo, equilibrado e com boa complexidade. Na linha mais em conta alguns vinhos são boas compras para o dia-a-dia, como o Nieto Senetiner Reserva Malbec 2004, que tem bom ataque aromático, mostrando com violetas, especiarias e chocolate. Na boca tem médio a bom corpo, é macio e fácil de beber.

Fernando Bowen/Stock.Xchng
San Rafael, em Mendonza.


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fotos: Christian Burgos
Bodegas Nieto Senetiner: 10 milhões de litros de vinho ao ano.

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