Aquecimento global seria o responsável por migrar as icônicas regiões de Champagne e Borgonha mais ao norte na terra dos britânicos
André De Fraia Publicado em 15/08/2022, às 08h10
O Reino Unido pode roubar duas das grandes regiões produtoras de vinho do mundo. De acordo com um novo estudo, Champagne e Borgonha na França sofreram com os efeitos das mudanças climáticas que empurraram a produção de vinhos de qualidade para a Inglaterra.
O estudo Climate Resilience in the UK Wine Sector (Resiliência Climática no Setor de Vinhos do Reino Unido em tradução livre), trabalha com um aumento de 1,4°C até 2040 - além do aumento de um grau desde a década de 1980. Isso significa que a quantidade de açúcar nas uvas do Reino Unido seria mais consistente com melhor qualidade do vinho e maior teor alcoólico, aponta o estudo.
"A produção aqui no Reino Unido foi capaz de produzir vinhos espumantes que são de um estilo muito semelhante aos produzidos em Champagne", disse o pesquisador principal, professor Stephen Dorling. “O clima tem ajudado cada vez mais a corresponder a essa produção francesa", acrescentou.
O grande desafio das vinícolas britânicas, além do clima que, pelo menos por enquanto, não é o ideal, é o relevo. O Reino Unido tem muito menos terras plantadas com videiras em comparação com os principais países produtores de vinho como Champagne e Borgonha, o que significa que a indústria tende a buscar a qualidade em detrimento da quantidade.
Porém, especialistas de vinhos britânicos vêm dizendo que a bebida produzida no Reino Unido está cada vez de melhor qualidade. A ponto que um espumante britânico foi o escolhido pelo Palácio de Buckingham para comemorar o Jubileu de Platina, os 70 anos do reinado de Elizabeth II. O escolhido foi um blend de 50% Chardonnay, 40% Pinot Noir e 10% Pinot Meunier produzido na região de Kent e West Sussex, usando o método tradicional.