Compreenda sobre a classificação dos vinhos borgonheses e descubra o porquê existem tantas diferenças de valores dependendo da garrafa
Arnaldo Grizzo Publicado em 26/05/2023, às 11h00
A Borgonha é basicamente Pinot Noir para os tintos e Chardonnay para os brancos. Há algumas poucas variações, mas tendo essa premissa em mente, é possível compreender o básico dos vinhos da região.
No entanto, não é tão fácil entender o porquê de uma garrafa de Borgonha poder custar um determinado valor e outra ter um preço muito maior se trata-se de uma mesma uva, numa mesma região. E isso só se explica graças a uma divisão das denominações borgonheses que é dividida em três níveis.
O processo de classificação dos vinhedos da Borgonha começou no final do século XVIII, tornando-se mais específico no século XIX com as “classificações eruditas” de André Jullien em 1816, Denis Blaise Morelot em 1831 e especialmente Jules Lavalle, naturalista e botânico, em 1855. Ao contrário de Bordeaux, que classificou seus Châteaux, a Borgonha classificou seus terroirs. E essas listas históricas serviram de base para os regulamentos do INAO e a classificação atual criada em 1935.
A Borgonha tem 84 Appellation d'Origine Contrôlée, ou AOC, sendo 33 Grands Crus, 44 denominações Village e 7 denominações regionais. Algumas AOCs têm várias Denominação Geográfica Complementar (DCG) – entenda a diferença no box. A denominação Bourgogne, por exemplo, tem 13 DGCs, chamadas de “Bourgognes Identifiés”. A denominação Mâcon tem 27 DGCs. Os vinhedos ditos Premiers Crus são considerados DGCs. E, por fim, 2 denominações de Grands Crus têm DGC: Chablis Grand Cru e Corton.
A classificação das denominações é feita de acordo com um conjunto de critérios:
Quando uma vila produz todos os níveis da classificação, os AOC Premiers Crus e os Grands Crus geralmente estão no meio da encosta, os AOC Villages aos lados e os AOCs regionais no sopé da colina.
As Denominações Regionais são classificadas em 3 segmentos:
A palavra “Village” é uma denominação que significa que a área geográfica de produção se estende ao território de uma vila. Às vezes duas, às vezes várias. Todas as vilas da Côte de Beaune, exceto Aloxe-Corton, Beaune, Pommard e Volnay, podem ter o nome de sua denominação seguido do nome geográfico “Côte de Beaune” logo após o nome de sua denominação em caracteres da mesma dimensão. Exemplo: Auxey-Duresses Côte de Beaune.
São vinhos da denominação Village, mas que beneficiam do status de Premiers Crus. Os Villages Premiers Crus são denominações geográficas complementares. A menção de Premiers Crus só pode ser aplicada a vinhos produzidos em um território específico. Uma porção de terra reduzida ao perímetro de um Climat [leia mais no box no final do texto]. Há 662 Climats classificados como Premiers Crus.
O mais alto nível da pirâmide é o das denominações Grands Crus. Ao contrário dos Premiers Crus, que aparecem apenas no decreto de denominação Village que acompanham, cada um dos Grands Crus tem suas próprias especificações. Seu nome é o do Climat original e nada mais.
Enquanto os nomes dos Premiers Crus estão ligados aos nomes das vilas de onde provêm, o que reforça a sua notoriedade, os nomes dos Grands Crus aparecem sozinhos no rótulo (sem o nome da vila em que são produzidos).
Duas denominações de Grands Crus contêm denominações geográficas complementares: Corton, que é produzida a partir de 24 Climats, que podem ser adicionados ao rótulo após o nome Corton, e Chablis, que pode adicionar os nomes de 7 Climats após sua denominação.