Conheça como surgiu a ideia da garrafa de vinho do Porto aberta com tenazes
Por Arnaldo Grizzo Publicado em 22/11/2022, às 16h00
Acredita-se que as pinças de ferro usadas para abrir Vinho do Porto, chamadas de tenazes, foram criadas no século XVIII. Extremamente longevos, já naquela época os lordes ingleses (a Inglaterra era a principal consumidora) costumavam apreciar Portos envelhecidos. Dessa forma, criou-se uma forma de retirar as rolhas (que muitas vezes estavam deterioradas) da garrafa sem o uso de um saca-rolha e, consequentemente, o esfarelamento da cortiça no líquido.
As tenazes são aquecidas em uma chama até ficarem com suas pontas vermelhas e, depois disso, mantidas em volta do gargalo logo da garrafa abaixo da rolha. Em seguida, as pinças são removidas e algo frio – um pano mergulhado em gelo, por exemplo – é segurado em volta do pescoço. A mudança de temperatura faz com que o vidro quebre no local e a parte de cima possa ser removida.
Após a retirada, o vinho costuma ser decantado e filtrado – já que safras antigas de Vinho do Porto tendem a conter bastante sedimento e o filtro também garante que nenhum minúsculo pedaço de vidro quebrado possa ser ingerido.
Esse método ainda hoje é usado, especialmente em restaurantes tradicionais da Europa, que possuem safras antigas de Porto em suas cartas (ou então recebem clientes que as levam para serem degustadas). Esse método, tradicional para o Vinho do Porto, contudo, pode ser usado para outros tipos de vinho também. Há sommeliers que o utilizam quando percebem um estado mais ressecado da rolha (que possivelmente despedaçaria ao ser aberta com saca-rolhas).
Ainda assim, mesmo que partes da rolha não caiam no líquido, indica-se filtrar para evitar que qualquer resquício de vidro possa ter involuntariamente ficado na bebida.
Tanto a sabrage – técnica usada para retirar a rolha de espumantes deslizando um sabre (ou qualquer tipo de objeto) sobre o gargalo da garrafa – quanto a tenaz são métodos “extremos” de abertura de vinhos. No fundo, a não ser que você seja um expert nessas técnicas, evite experimentá-las em vinhos raros. No caso da sabrage, o risco de quebra é alto caso não seja executado de modo correto e, no caso da tenaz, se a indicação é filtrar o vinho de qualquer modo, com pedaços de cortiça ou sem, também não vale o risco.