Como nasceu um dos ícones italianos
Redação Publicado em 06/03/2021, às 16h00 - Atualizado em 06/04/2021, às 17h45
Barolo, o vinho dos reis e o rei dos vinhos
A fama de Barolo está intrinsecamente ligada à unificação do reino da Itália no século XIX. Na época, o país era composto por diversos pequenos estados, cada um controlado por um reino diferente. Após viagens pela pela França, Inglaterra e Suíça, o filho de um latifundiário piemontês, Camillo Benso (futuro Conde de Cavour) decidiu implementar o que havia aprendido em suas terras.
Diz-se que ele apreciou os vinhos borgonheses que provou na corte de Savoia, que reinava sobre a Sardenha (e esta dominava o Piemonte), e desejava que os vinhos locais tivessem a mesma qualidade. Desejo compartilhado com a francesa Juliette Colbert di Maulévrier, conhecida como Marquesa de Barolo, casada com o importante aristocrata Carlo Tancredi Falletti.
A mudança teria vindo com o enólogo francês Louis Oudart, contratado por Cavour e também pela marquesa. Quando ele chegou, a Nebbiolo era cultivada em grandes rendimentos e colhida muitas vezes precocemente, pois amadurecia apenas no final de outubro ou, às vezes, em novembro. Depois de colhidas, as uvas iam para adegas sujas, onde ocorria uma fermentação errática geralmente interrompida pelo inverno, antes de todo o açúcar ser fermentado. Barolo então era um vinho doce. Oudart teria mudado completamente esse panorama e começado a produzir vinhos secos.
No entanto, uma pesquisa recente de Kerin O’Keefe afirma que o mentor desse novo Barolo não teria sido Oudart, mas um enólogo italiano chamado Paolo Francesco Staglieno, autor de um manual de vinificação chamado “Istruzione intorno al miglior metodo di fare e conservare i vini in Piemonte”, publicado em 1835. Teria sido ele o enólogo chamado por Cavour para trabalhar em sua propriedade em Grinzane entre 1836 e 1841. Quando Oudart veio para Alba, Cavour já estaria seguindo as diretrizes de Staglieno e produzindo vinhos secos.
Assim como a viticultura piemontesa, Cavour também ajudou a transformar a Itália. Ele apoiou a unificação do país sob a Casa de Savoia. Quando Vitor Emanuel II declarou o Reino da Itália independente em 17 de março de 1861, Cavour foi nomeado Primeiro Ministro, mas ele morreu apenas quatro meses depois. Os vinhos de Barolo logo passaram a ser os favoritos da nobreza italiana, então localizada em Turim, e começaram a ser conhecidos como “o vinho dos reis e o rei dos vinhos”.
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