A história do vinho do Porto

O vinho do Porto é um dos principais ícones de Portugal

Eduardo Milan Publicado em 07/08/2019, às 15h00

O rebelos são os barcos tradicionalmente usados para transportar pipas de vinhos do Porto pelo rio Douro

Tecnicamente, o vinho do Porto não é um vinho doce natural, mas, sim, fortificado. Isso equivale a dizer que ele – ao contrário dos de colheita tardia (late harvest), dos atacados pelo fundo botritys (como os Sauternes, por exemplo), ice wine (vinhos do gelo) e vinhos de uvas passas – não é um vinho naturalmente doce, produzido a partir de uvas colhidas semanas após o estágio ideal de maturação. Os fortificados são vinhos licorosos, geralmente produzidos a partir de uvas colhidas no estágio normal de maturação e, via de regra, com posterior adição de aguardente vínica – advinda da destilação de uvas –, que proporciona interrupção da atividade fermentativa antes que todo o açúcar se transforme em álcool. A partir desse processo, esses vinhos se tornam mais alcoólicos e, portanto, mais “fortes” ou, como o próprio nome sugere, fortificados.

As origens da vitivinicultura na região do Douro, em Portugal – onde está a cidade do Porto, que além de “emprestar seu nome” ao principal vinho produzido no local, centraliza a sua produção – são pouco conhecidas. Sabe-se, entretanto, que a denominação “vinho do Porto” data da segunda metade do século XVII.

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Diz a lenda que, após se desentenderem comercialmente com os franceses e tendo passado a ancorar na cidade do Porto, navegadores ingleses começaram a comprar vinhos locais, que, na época, eram secos. Entretanto, por conta da duração da viagem de volta ao seu país, esses vinhos frequentemente oxidavam, fazendo com que fosse necessário encontrar um meio para melhor conservar a bebida. Foi então que dois irmãos teriam resolvido adicionar aguardente ao vinho, que passou a suportar o período da travessia. Em um determinado ano, a concentração de açúcar das uvas foi bastante elevada e o vinho produzido contava com um considerável teor de açúcar residual. Naquele ano, a adição de aguardente acabou resultando em um vinho agradável aos seus paladares e, com isso, teria surgido a ideia de se adicionar álcool durante o processo de fermentação, provocando a interrupção do processo e a consequente manutenção da doçura da bebida. Assim nascia o vinho do Porto.

De fato, desde o princípio, os britânicos foram os maiores consumidores dessa bebida. Tanto é assim que, em 1703, Portugal e Inglaterra chegaram a assinar um acordo – o “Tratado de Metheun” – determinando que os ingleses dariam preferência ao vinho português em relação ao francês. É bem verdade que em meados do século XVIII, as exportações de vinho do Porto tiveram um período de crise por conta de adulterações, situação resolvida a partir da criação da “Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro”, em 1756, órgão que conseguiu reestabelecer a qualidade do produto. Já no ano seguinte, Marquês de Pombal determinou a delimitação das principais áreas vitivinícolas do Vale do Douro. Dessa forma, o vinho do Porto – com essa denominação – somente pode ser produzido na Região Demarcada do Douro.

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