A uva Merlot é uma das tintas mais importantes no mundo (e no Brasil), conheça os melhores vinhos
Silvia Mascella Publicado em 01/03/2024, às 08h00
O nome da uva Merlot já evoca algo agradável: o pássaro negro chamado melro. Na França, conhecido como Merle ou Merlau, deu nome à uva tinta que amadurece cedo e, portanto, produz alimento doce para o pássaro. Difícil ter certeza, no entanto, se o nome também faz referência à cor escura dos grãos da uva, muito parecida com as penas dos pássaros negros.
Nascida na França, a Merlot é mencionada por escrito a primeira vez em um documento na região de Bordeaux, em 1784, como nome de uva e de um vinhedo que - segundo o oficial que redigiu o documento - produzia os melhores vinhos da região da margem direita do rio Dordogne.
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Os estudos de DNA realizados na universidade Davis na Califórnia revelaram que a Merlot é resultante da combinação natural da uvas Cabernet Franc e da Magdeleine Noire des Charentes. Ela é "parente", dessa forma, da Cabernet Sauvignon e da Carmenère. Esse parentesco, aliás, fez com que muitas videiras de Carmenère no Chile fossem, por décadas, confundidas com a Merlot.
De Bordeaux ela foi levada para várias regiões francesas, depois para Itália onde até hoje faz parte de alguns grandes vinhos italianos, inclusive de alguns super toscanos. Ela também ganhou espaço na Suiça, na Espanha e até em Portugal. Saindo da Europa alguns dos locais onde ela se expressa muito bem são a Califórnia, a Austrália e também o Brasil.
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Por aqui ela chegou há pouco menos de 100 anos e logo se estabeleceu na Serra Gaúcha. Um dos primeiros registros de um varietal de Merlot é da cidade de Flores da Cunha. O fato do verão brasileiro ser bastante úmido na região sul faz com que as uvas tintas que amadurecem mais cedo ganhem qualidade e mais espaço nos vinhedos.
Com a moderna vitivinicultura brasileira, que se concretizou na virada deste século, a Merlot virou a protagonista de vários grandes vinhos brasileiros e é especialmente importante na primeira DO do país, o Vale dos Vinhedos, que em 2002 (quando ainda era uma IP - Indicação de Procedência) já se apoiava na qualidade da Merlot cultivada na região para produzir vinhos com bom potencial de guarda. Hoje a Merlot está em todo o Rio Grande do Sul, produzindo vinhos diferenciados e entrando em muitos cortes. ADEGA degusta os Merlots brasileiros há muitos anos. Veja abaixo: