Por conta das mudanças climáticas, os incêndios têm sido particularmente devastadores nos últimos cinco anos
Silvia Mascella Rosa Publicado em 14/03/2022, às 14h40 - Atualizado às 17h37
Um incêndio atingiu um celeiro utilizado como sala de degustação da Larson Family Winery, em Carneros, região de Sonoma nos EUA, na noite do último 2 de março. Graças à atuação rápida dos bombeiros, ninguém se feriu e foi possível salvar as estruturas próximas do espaço, como o estoque, casas familiares, os vinhedos e a própria vinícola. O celeiro, no entanto, precisará ser demolido.
Embora as causas do incêndio ainda sejam desconhecidas no caso acima, a chegada da primavera e do verão começam a levantar os alertas de incêndios florestais nos Estados Unidos. Por conta das mudanças climáticas, eles têm sido particularmente devastadores nos últimos cinco anos, chegando às áreas de produção de uvas, como aconteceu em Napa e Sonoma em agosto do ano passado, bem no meio de uma das maiores secas da história da região.
A "estação dos incêndios" coincide com a fase de amadurecimento e colheita das uvas na Califórnia e os pesquisadores estão estudando como as nuvens de fumaça e cinzas afetam os vinhedos e os vinhos que são feitos com essas uvas. O estudo, com duração de 8 meses é uma parceria de um produtor da região de Santa Cruz, o professor de química Phil Crews (consultor de vinícolas) e o Laboratório SC, da Califórnia. Foram mais 250 amostras de vários tipos de vinhos e também uvas, analisadas por um equipamento calibrado para buscar e quantificar as partículas de fumaça presentes no grão de uva e também no vinho. Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Chardonnay são algumas das amostras testadas.
O professor Phil Crews afirma que como todo o processo de colheita, processamento e amadurecimento dos vinhos custa caro e leva tempo, e se um vinhedo está numa situação extrema, talvez não seja interessante num ano de incêndios, nem começar o processo: "Me preocupo com isso há anos, como a uva afetada nessa época essencial de amadurecimento, reage e como essas partículas vão interferir na fermentação e no sabor final do vinho", explica.
O estudo ainda não está concluído, mas deverá auxiliar muitos produtores de toda a Califórnia nas próximas colheitas, afirmou Paul Dorenbach, chefe de análises do Laboratório SC.
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