Apesar do aparecimento de técnicas mais baratas como a screw cap, as rolhas ainda dominam o mercado
André De Fraia Publicado em 15/02/2021, às 14h00 - Atualizado em 22/02/2021, às 15h04
Rolhas naturais, metade da produção mundial é feita em Portugal
Portugal produziu em média 40 milhões de rolhas por dia em 2020, esses são os números da Associação Portuguesa da Cortiça. O país foi responsável por mais da metade da produção mundial e para chegar a tal feito, os produtores extraíram cerca de 100.000 toneladas de cortiça.
Estes números da produção portuguesa de rolha vêm aumentando mesmo com o movimento de muitas vinícolas em utilizar novas técnicas como rolhas sintéticas e a tampa de rosca – conhecida como screw cap. Mas o mercado, que teve grande queda durante a década de 2.000 e derrubou o preço da rolha em mais de 50%, reaqueceu com a guinada ecológica mundial. Afinal, muitas vinícolas voltaram a utilizar as rolhas naturais e deixaram de utilizar opções em plástico para fechar os vinhos.
“O movimento contra o uso de plástico que nasceu em todo mundo abriu uma nova oportunidade para as rolhas”, destaca o João Rui Ferreira, presidente da Associação portuguesa da Cortiça. Entre os anos de 2009 e 2018 a exportação portuguesa de rolhas disparou 52,3%, e levou Portugal a bater o faturamento de 1 bilhão de Euros por ano em exportações.
O sobreiro, árvore de onde é retirada a cortiça, é muito comum em Portugal, principalmente na região do Alentejo. Sua importância para a economia e a cultura portuguesa é tão grande que existem leis de proteção a ela desde 1209.
Floresta de sobreiros com as árvores regenerando a cortiça, são necessários nove anos para uma nova retirada
O trabalho para retirar a cortiça é delicado e os responsáveis são um dos trabalhadores rurais mais bem pagos da Europa, afinal a técnica é antiga e necessita de grande experiência para que não se cometa erros. “Quando você trabalha com cortiça você aprende que a primeira machadada que se dá no sobreiro tem que ser devagar para ver a grossura da cortiça”, explica Simão Fortio trabalhador do ramo.
A árvore quando machucada por uma machadada mau dada corre o risco de ter infiltrações de água e pode virar moradia de insetos e fungos, fatos que fazem com que a cortiça fique quebradiça e de má qualidade.
Máquinas já foram testadas para realizar o corte da árvore e a colheita da cortiça, porém não conseguiram suprir a eficiência do trabalho manual.
Os sobreiros são árvores centenárias, calcula-se que o mais antigo tenha cerca de 200 anos e uma nova "safra" só pode ser retirada a cada nove anos. A exceção é a primeira, para ela é preciso esperar 15 anos até a árvore estar adulta e mais duas retiradas, ou seja dezoito anos, para que a cortiça seja de boa qualidade, assim ao todo é necessário aguardar 33 anos para que a árvore esteja pronta para ser trabalhada.
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