A capital italiana se junta (finalmente) ao grupo de 470 "Cidades do Vinho" do país
Silvia Mascella Rosa Publicado em 03/04/2022, às 07h30 - Atualizado às 08h00
Roma tem tudo para todos os gostos, história milenar, arte, gastronomia, moda, cultura, música e agora, vinho. Mas como assim? O vinho não fazia parte disso tudo? Fazia e faz, mas agora oficialmente.
No último dia 23 de março a 'cidade eterna' foi oficializada como uma das Cittá del Vino da Itália, uma classificação da comunidade enoturística italiana, que já tem 470 membros. Para participar dessa associação nacional, fundada em 1987, alguns requisitos precisaram ser reestruturados, como por exemplo os vinhedos urbanos, vinícolas e a produção de qualidade.
A cidade de Roma fica na região do Lazio, no centro do país, onde os vinhos brancos reinam, (é a terra do Frascati, afinal), com algumas denominações bem próximas da cidade, como Colli Albani, Marino, Castelli Romani e a própria Frascati. Mas para pertencer à Comunidade Enoturística, a cidade de Roma e sua periferia tinham que mostrar seus próprios atributos e assim fizeram. Desde 2018 foi criado o Consorzio Vini Roma DOC, para estruturar e desenvolver a qualidade, história e os modernos vinhos da região. Sabrina Alfonsi, assessora de Agricultura da Comuna de Roma, que esteve presente no evento de oficialização, afirmou que esse é um passo natural do projeto que está sendo desenvolvido de valorização da produção agrícola e da produção local: "Enogastronomia e enoturismo têm a capacidade de valorizar a paisagem e recuperar áreas rurais urbanas e periféricas úteis, reconectando o centro ao campo", declarou.
Cidade de tantas histórias, Roma possui ainda vinhedos urbanos, dentro de áreas muito conhecidas dos turistas. Nem todos, no entanto, abertos à visitação. Há uma história que muitos dizem ser verdadeira (mas se não é possível visitar, não é possível comprovar) que dentro do convento da igreja Trinità dei Monti (aquela no topo da escadaria de Roma, na Piazza di Spagna) existe um vinhedo desde o século 16, criado com videiras vindas da França (o proprietário daquelas terras séculos atrás era francês) e que segue produzindo até hoje.
Menos fantasiosa é a existência e recuperação dos vinhedos da Villa Giulia, esses dentro do Museu Etrusco de Roma, onde foi a residência de verão do Papa Giulio III.A história conta que essa edificação nasceu com o nome de Vigna Julia (Vinhedo Julia), em terreno bem ao lado de fora dos muros de Roma, que era uma área agrícola com vinhedos, antes do Papa mandar construir a vila. Atualmente, os alunos do Instituto Agrário Garibaldi di Roma, cuidam do vinhedo e replantaram duas variedades, a Sangiovese e a Malvasia do Lazio. Valentino Nizzo, diretor do museu, conta que esse trabalho dos alunos é um retorno às origens: "Essas cultivares parecem ser as mais antigas das quais temos documentação aqui no museu e a própria Sangiovese, tão importante na região central da Itália, tem características das videiras antigas", explica.
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