Pesquisadores buscam provas de que uma vila soterrada, que foi uma vinícola, foi a última casa do imperador César Augusto
Sílvia Mascella Publicado em 13/05/2024, às 08h00
Somma Vesuviana é o nome da vila (na comuna de mesmo nome na região da Campania) que está sendo escavada desde 2002 por pesquisadores da universidade de Tóquio. Eles acabaram de revelar que há indícios de que essa construção tenha sido o local onde morreu o imperador César Augusto (primeiro imperador romano) e que a construção também foi utilizada para a produção de vinhos em grande escala.
“Essa descoberta arqueológica é uma chave para desvendarmos uma importante fase da história da humanidade: o começo do Império Romano antigo e do culto aos imperadores”, afirma o documento publicado pela líder do projeto, a Dra. Mariko Muramatsu.
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Todo o complexo foi soterrado pelas cinzas da explosão do Vesúvio, no ano 79 de nossa era, a mesma que atingiu Pompéia e Herculano. No entanto, a cidade de Pompéia fica ao sul do monte Vesúvio, enquanto a Somma Vesuviana fica ao norte, um pouco mais próxima do monte. Segundo dois historiadores romanos, Tacitus e Suetonius, o imperador Augusto teria morrido em uma vila de sua família ao norte do Vesúvio, na área da cidade de Nola, no ano de 14 da nossa era. E é precisamente onde a escavação se localiza.
Os arqueólogos já foram capazes de revelar partes do prédio anteriores à erupção do vulcão e foi possível determinar que a construção é contemporânea ao período de vida do imperador, guardando indícios de uma propriedade de pessoas com muitas posses, que tinham até mesmo salas de banho aquecidas, terraços e grandes salões com afrescos e mosaicos.
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“Já identificamos quatro cômodos, em um deles havia 16 ânforas ainda apoiadas na parede, que eram utilizadas para transportar e armazenar vinho, dentro do prédio que parece ser uma residência. Em outra parte, maior e mais adornada, com arcos de tijolos e colunas de mármore, encontramos estátuas (também de mármore) do deus Dionísio”, afirma o relatório da pesquisa. Os japoneses cogitam que essa área com as estátuas do deus do vinho, adjunta a uma adega, pode ter sido um espaço público e talvez uma parte da vinícola que ocupou o prédio alguns séculos depois da erupção de 79, mas que foi recoberta de cinzas novamente na virada do século 5. Dessa forma a construção que pode ter sido da família do imperador romano, coberta pelas cinzas do vulcão, foi reutilizada tempos depois, como vinícola e novamente recoberta por cinzas de uma erupção.