Arqueologia

Como os romanos refrescavam os vinhos e os alimentos

Site arqueológico revela a maneira como os antigos romanos refrescavam os vinhos

Campo Novae, sítio arqueológico do Império Romano na margem do Rio Danúbio - (c) Prof. Piotr Dyczek
Campo Novae, sítio arqueológico do Império Romano na margem do Rio Danúbio - (c) Prof. Piotr Dyczek

por Silvia Mascella

A preservação de alimentos e bebidas é uma constante na humanidade, principalmente nos tempos anteriores à utilização da eletricidade. A humanidade foi encontrando maneiras de manter os víveres consumíveis utilizando preservantes naturais, como a gordura (óleos, gordura animal), o sal, as especiarias, o álcool e alguns recipientes mais herméticos ou espaços escavados na terra e na pedra, que garantiam temperaturas baixas.

Mas aos poucos, a arqueologia vai revelando alguns detalhes da vida dos povos mais antigos que mostram tecnologias importantes para preservação e resfriamento. É o caso de um sítio arqueológico nas margens do rio Danúbio, na Bulgária, construído no primeiro século desta era, pela Primeira Legião do Exército Romano.

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O assentamento dos legionários (o primeiro a ficar permanentemente estacionado numa das divisas do Império Romano no Danúbio) era uma enorme construção que, pelo compartilhamento das instalações entre civis e militares, acabou se tornando uma pequena cidade. Os pesquisadores da universidade de Varsóvia, liderados pelo Dr. Piotr Dyczek, deram o nome de Campo Novae para a estrutura considerada monumental.

Entre as variadas construções (hospital ou "valetudinarium"), as termas e as cabanas, foi encontrado um poço, que provia água para todo o campo, especialmente para os banhos, e esse poço era conectado por uma rede de canos de cerâmica e aquedutos até variadas instalações, como as cozinhas e as áreas de armazenamento de alimentos.

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Nesse local, uma estrutura bem preservada chamou a atenção dos arqueologistas. Uma peça como um container, feito com placas de cerâmica espaçadas e paralelas, bem firmado no solo, onde os canos de água fria corriam pelas laterais refrescando o que estivesse no interior. Ainda foram encontrados, dentro da peça, recipientes para vinho, travessas e ossos de animais. "Sabemos que existiam 'geladeiras' parecidas com essa, mas elas raramente são encontradas pois são derrubadas nas reformas e com a movimentação do solo. E essa construção é mais sofisticada, por conta do sistema de canos de refrigeração que a atravessam. Conseguiremos, com o prosseguimento das pesquisas, recriar até a última refeição feita no local", declarou o Dr. Dycek.

Geladeira romana
Placas de cerâmica paralelas, com passagem de canos e aqueduto para resfriamento de vinhos e alimentos

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