China prepara medidas e represálias contra produtos da União Européia, inclusive vinhos
Sílvia Mascella Publicado em 24/05/2024, às 08h00
A borra da disputa entre China e a Austrália ainda nem assentou nas taças e o governo chinês já prepara novo ataque contra produtores de vinhos, desta vez da União Européia, segundo revelou em uma postagem nas redes sociais Yuyuan Tantian, conhecida pelos comentários políticos e vínculos com a administração de estado chinesa.
Citando ‘fontes bem informadas’ e também um advogado chinês, ela afirmou que os setores do vinho, de produtos lácteos e da aviação da União Européia são bastante dependentes do mercado chinês e que “A China tem contramedidas preparadas e provavelmente entrará com represálias às ações da EU”, publicou.
LEIA TAMBÉM: Vinho não é pecado
As ações às quais a publicação faz referência são os três grandes processos, iniciados neste ano, pela União Européia contra empresas chinesas dos setores ferroviário, solar e de segurança, sobre uma nova regra de subsídios estrangeiros, além de uma investigação comercial sobre os veículos elétricos fabricados na China.
A situação com os vinhateiros está tensa desde o mês de janeiro, quando os chineses lançaram uma investigação (anti-dumping) sobre os subsídios ao brandy europeu, cujas importações pela China em 2023 somaram 1.57 bilhão de dólares. A França, principal impactada da UE, caso os impostos fossem modificados, recebeu a visita do primeiro ministro chinês, Xi Jinping no começo de maio e o presidente francês Emmanuel Macron declarou naquela semana que:” Eu agradeço ao presidente chinês por sua atitude aberta em relação à possibilidade de medidas em econômicas sobre o caso do Cognac, e pelo seu desejo de não implementá-las”.
LEIA TAMBÉM: Fim das sanções da China na Austrália podem afetar vinhos no Brasil
No ano de 2014 a China já havia ameaçado os produtores de vinhos da UE por conta de uma disputa sobre a construção de painéis solares, mas essa ameaça não se materializou. No entanto, as ameaças de represálias parecem ser um padrão nas relações comerciais entre a União Européia e a China, cujo comércio de vinhos movimenta mais de 800 milhões de dólares, sendo que os principais exportadores são a França, Itália, Espanha, Alemanha e Portugal, com a França respondendo por mais de metade dessas exportações.