Fim das sanções

Fim de sanções da China podem afetar vinhos no Brasil

Os impostos de mais de 200% aplicados aos vinhos australianos foram retirados hoje

Imagem Fim de sanções da China podem afetar vinhos no Brasil

por Sílvia Mascella

Centenas de produtores de uva e vinho na Austrália irão celebrar a Páscoa quase como se fosse um Natal. Finalmente, depois de anos de negociações, os impostos de 218% que a China havia aplicado sobre os vinhos australianos estão sendo removidos.

"Recebemos muito bem esse resultado, que chega num momento crítico para a indústria do vinho de nosso país. A volta dos vinhos australianos para o mercado chinês vai beneficiar nossos produtores e os consumidores chineses", afirmou o governo da Austrália em um comunicado oficial na 5a feira, 28 de março.

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A disputa entre os países começou como um problema comercial e diplomático, que envolveu não apenas o vinho, mas também o algodão, o carvão, grãos e madeira entre outros produtos, desde 2020. Aos poucos os impostos foram sendo aliviados para alguns desses ítens, mas o vinho permaneceu, o que causou um enorme estrago na vitivinicultura australiana.

A China era, em 2020, o maior mercado importador de vinhos da Austrália, correspondendo a 40% de todo o volume exportado. Quando as sanções se efetivaram, em 2021, as exportações caíram 97% e o escritório que a Wine Australia mantinha no país foi fechado.

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Felizmente para a Austrália, desde a segunda metade de 2023 as tensões entre os países foram aliviando e a Austrália decidiu até suspender a reclamação formal que fez sobre o excesso tarifário à World Trade Organization, o que foi visto com bons olhos pelo governo chinês. Tanto que no começo deste mês o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi visitou o país e o vinho era um dos assuntos da pauta.

Infelizmente, para alguns produtores de uvas, a notícia pode ter chegado tarde de mais. Uma das maiores regiões produtoras de vinhos de entrada, Griffith, arrancou este mês mais de um milhão de parreiras. Muitos viticultores relataram dificuldades econômicas tamanhas que decidiram investir em outras culturas. Mas quem conseguiu esperar, ficará satisfeito em ver os estoques baixarem fortemente nos próximos meses.

É esperado que os vinhos australianos recuperem pelo menos parcialmente sua participação no mercado chinês. Como numa brincadeira das cadeiras vão faltar assentos para outros produtores mundiais como Chile, Itália e França.

Estes países terão que canalizar sua producão para outros mercados, e o Brasil é um dos únicos mercados apresentando crescimento. Isso pode retirar um pouco da pressão inflacionária que estava sendo repassada pelos produtores aos importadores no Brasil e acabar beneficiando os consumidores.

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