Cidade que receberá uma etapa noturna da Fórmula 1 é famosa pelos cassinos e agora vinho
André De Fraia Publicado em 31/03/2022, às 10h00
Quando se fala em Las Vegas dificilmente pensará em vinho, ao menos que esteja se imaginando com uma taça na mão nos inúmeros cassinos e casas de show da cidade ou apreciando as mais incríveis adegas. Ainda mais quando lembramos que a “Cidade do Pecado” está fincada no meio do Deserto de Mojave, o mais seco da América do Norte.
Porém, a Universidade de Nevada tem um projeto que há mais de 25 anos estuda como os vinhedos e as uvas se comportam no solo do local e até já desenvolveu tecnologias para lidar com a falta d’água, criando o que eles chamam de rede de umidade e levando essa ideia para as vinícolas que se aventuram por lá.
“Sempre penso quando as pessoas perguntam sobre água e uvas, o ditado de que ‘para ter um bom vinho, você precisa fazer as uvas sofrerem’, e elas sofrem um pouco aqui, mas você pode fazer um ótimo vinho”, diz o professor M.L. Robinson da Universidade de Nevada.
Para os viticultores da região isso não é nenhuma novidade, “O que diabos uma vinícola está fazendo aqui no meio do deserto?”, é a pergunta que Jack Sanders, proprietário da vinícola Sanders Family Winery, mais ouve desde 1988 quando se instalou na região.
“A uva chardonnay adora ter dias quentes, mas noites frescas. Pinot Noir é semelhante a isso. O restante das uvas passa por todo o processo de vinificação, praticamente suporta dias quentes e noites quentes. E então o fato é que tem a ver com a secura do clima”, diz o produtor.
Quando perguntado o que levou a desbravar o deserto ele explica que a região "atraiu meu senso de ganância e meu senso de preguiça", brinca. "Me disseram que a pessoa da indústria do vinho média trabalhava cerca de 90 dias por ano. Eu vou te dizer isso, eu não tive um dia de folga este ano até agora".
O resultado desses desbravadores e a parceria com a Universidade de Nevada já deu frutos, além de atrair novos empreendimentos para a região, os vinhos do Deserto de Mojave estão se destacando nas competições e entre os críticos.
A universidade destaca ainda a importância do estudo para outras regiões do mundo que podem passar a sofrer com maior calor com as mudanças climáticas. Por lá, as técnicas estão funcionando e o vinho está ganhando cada vez mais fãs.
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